Miguel Costa Matos, o recém eleito líder da Juventude Socialista (JS), assegurou, esta quarta-feira, que a organização “não é um centro de emprego” para quem almeja chegar a lugares de topo na máquina do Estado. Segundo aquele que é o mais jovem deputado nesta legislatura, com 26 anos, “a política não pode ser uma carreira” para quem não tenha como meta pessoal “transformar a sociedade”.
No Irrevogável, espaço de entrevistas da VISÃO, Miguel Costa Matos desvalorizou ainda o desaguisado com o antigo líder da JS, Sérgio Sousa Pinto, que não gostou de ver ignorado o seu nome no discurso de tomada de posse do novo responsável pelos jotas socialistas, que apelidou de um gesto do “estalinismo”. “Acho que este assunto nunca deveria ter vindo a publico, porque não passa de um mal-entendido da parte dele”, atirou Costa Matos. “Da minha parte, o assunto esta encerrado”, concluiu.
Militante da JS desde os 14 anos e com uma passagem pelo gabinete do primeiro-ministro António Costa, onde foi assessor para a economia entre os 23 e os 25 anos, Miguel Costa Matos, defendeu no Irrevogável que há que “passar a mensagem nas juventudes partidárias que não aceitamos ‘jobs for the boys’ ou de ‘boys’ entrarem nas juventude para passarem a ter ‘jobs'”. “Isso não pode acontecer”, argumentou, lembrando que, no seu caso, antes de chegar a assessor de Costa, já tinha entrado por mérito, através de um concurso, no Ministério das Finanças.
Contrariou também a tese de que os gabinetes ministeriais estão cheios de jovens dirigentes socialistas. “Os que não vão para gabinete são muito mais do que aqueles que vão para gabinetes”, assegurou.
Depois de Sérgio Sousa Pinto ter criticado o seu discurso na tomada de posse, há menos de 15 dias, onde estava António Costa, Costa Matos lembrou que longe vai o tempo em que havia discursos com “minutos de apresentação [de antecessores] muitíssimos longos”. “A nossa geração tem de sacudir estas coisas [esses hábitos]”, disse, aludindo a “meias horas a fazer cumprimentos”.
“Mencionei lideres com quem trabalhei e os mais históricos”, explicou, revelando que já teve oportunidade de explicar pessoalmente, no Parlamento, a Sérgio Sousa Pinto isso mesmo.
Belém: escolha dos jotas deve recair em candidatura à esquerda
Na conversa, com cerca de meia hora, o líder da JS deixou ainda o recado aos jotas: “tendo em conta a magistratura de influência” que cabe ao Presidente da República, “temos de escolher um candidato à esquerda”. Apesar de admitir que ainda está em momento de “reflexão” sobre o nome a escolher, teceu elogios ao percurso da socialista Ana Gomes.
No desafio habitual do “Irrevogável”, o “Toca e foge”, o jovem dirigente estabeleceu uma diferença nas duas últimas lideranças socialistas, a de António José Seguro e António Costa. Enquanto que sobre o último, considerou tratar-se de “um grande líder”, sobre Seguro disse ser “um ex-secretário-geral do PS”.
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