Sem meias-palavras, subterfúgios ou subtilezas. Miguel Albuquerque considera que o PSD deve estar disponível para “auscultar todos os partidos ao centro e à direita” e volta a incluir o Chega no rol de forças com as quais Rui Rio poderá formar uma “federação instrumental de interesses no combate ao governo das esquerdas”. O presidente do Governo Regional da Madeira, convidado desta quarta-feira do Irrevogável, o programa de entrevistas políticas da VISÃO, não tem dúvidas: “A tendência para o centro-direita ter vergonha de si próprio é o princípio do fim.”
Na ótica do líder do PSD-Madeira, o partido chefiado por André Ventura, “conservador” e “de direita”, não pode ser tratado de forma diferente que o BE e o PCP, “partidos estalinistas e maoístas”, que diz terem sido normalizados e absorvidos pelo regime democrático português.
Na entrevista, em que poupou Rui Rio de críticas e desafiou os opositores internos a darem a cara nos combates autárquicos do próximo ano, Miguel Albuquerque observou, contudo, que não deve ser o PSD a viabilizar o Orçamento do Estado para 2021. O partido precisa, isso, sim, de “acentuar” a oposição ao “desgoverno” de António Costa. “É preciso dizer que o rei vai nu”, apontou.
O lider do executivo regional frisou ainda não ser capaz de emitir “um juízo de valor” sobre o mandato de Marcelo Rebelo de Sousa e advertiu que só terá condições de o fazer quando se reunir com o Presidente da República e perceber se este exercerá “a sua influência institucional na defesa da Madeira no período pós-Covid”.
Traduzindo: Miguel Albuquerque quer garantias de apoios económico-financeiros ao arquipélago – que assegura estar a aguentar-se com bem nas ajudas às populações prejudicadas pela pandemia, mesmo que vá recorrer a um empréstimo de 489 milhões de euros -, porque, justifica, a sua “obrigação” é com a Madeira. Se o chefe de Estado não corresponder, avançará mesmo com uma candidatura a Belém, dado que, como sublinhou, ser Presidente “não é fazer um exercício de variedades”.
Caso venha mesmo a entrar na corrida, avisa desde já que os adversários “não vão gostar muito dos temas” que vai introduzir na discussão (e lança mesmo as questões das autonomias e da regionalização) e previne Marcelo e os demais oponentes que vejam a política como “um exercício de veneração de ícones”: “Acabavam os salamaleques e aquela conversinha mole do bloco central, íamos entrar na política como ela deve ser: frontal, clara e com objetivos.”
Já quanto à polémica das últimas semanas, a da realização ou não da Festa do Avante!, lamenta o “peso desproporcionado” do PCP sobre a cúpula socialista, insiste na tese de que os comunistas fazem o que querem e beneficiem de uma “discriminação” positiva e reduz a Direção-Geral da Saúde (DGS) a um mero braço político do Executivo.
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