Minutos antes de os deputados começarem a votar o Orçamento do Estado para 2025 na generalidade, o ministro da Defesa, Nuno Melo, encerrava o debate com um aviso nas entrelinhas. “Seria muito estranho ver destruir na especialidade o que se construiu na generalidade.” Com a abstenção do PS garantida na generalidade e na votação final global, a AD concentrou todos os seus avisos na discussão do documento na especialidade. Os dois dias do debate que iniciou os trabalhos orçamentais estiveram cheios de recados às oposições, com pedidos para não “desvirtuar” o Orçamento, apelos à “responsabilidade” e um “deixem o Governo da AD governar” lançado pelo deputado centrista Paulo Núncio.
A dramatização feita pelo Governo e pelas bancadas que o apoiam tem que ver com os riscos assumidos de chegar à discussão orçamental sem acordo, nem à esquerda nem à direita, e, por isso, ao sabor das maiorias que se possam formar a favor e contra as propostas de alteração que começaram a ser entregues esta segunda-feira no Parlamento. A forma como, mesmo tendo cedido no IRS Jovem e no IRC, o Governo não conseguiu selar um acordo com os socialistas abre caminho a todas as votações e põe em risco até essas cedências, que afinal não deixaram satisfeitas nem a esquerda nem a direita. Aqui estão os oito pontos que podem colocar areia na engrenagem do Orçamento.