O Volt Portugal lançou, esta quarta-feira, uma petição para pedir à Procuradora-Geral da República, Lucília Gago, para “esclarecer o País sobre a substância da acusação do Ministério Público (MP)”, no âmbito da operação Influencer, em especial “sobre a figura do primeiro-ministro”, dada a “repercussão política sobre a normalidade democrática derivada desta investigação judiciária”.
Numa carta aberta, publicada no seu site, o partido pan-europeu refere que “as fugas de informação” no âmbito desta investigação [a António Costa] “alarmaram e alarmam ainda hoje todos aqueles que defendem uma democracia com equilíbrio de poderes e alarmam os meios nacionais e europeus em especial ferindo a atratividade de Portugal enquanto país capaz de fixar investimento externo”.
“A Assembleia da República será, no nosso entender, como Casa da Democracia, o local desejável para esclarecer o País, perante os deputados que representam os cidadãos portugueses na legislatura ainda vigente. Para isso, enquanto partido ainda sem assento parlamentar, resta-nos apelar a todos os partidos com assento parlamentar que lhe estendam o convite para tais esclarecimentos. De outra maneira, fazemos-lhe o repto de esclarecer a sociedade civil diretamente, se esse convite não vier a efetivar-se”, lê-se.
Segundo o partido liderado por Ana Carvalho e Duarte Costa (num modelo de co-liderança), o País está “a viver uma turbulência causada pela falta de transparência, que transmite uma ideia de que as decisões necessitam de maior calibração e os processos de investigação judicial não estão a seguir os altos e únicos padrões desejáveis”.
Recorde-se que, no passado 7 de novembro, Diogo Lacerda Machado, Vítor Escária (agora ex-chefe de gabinete de António Costa), Afonso Salema e Rui Oliveira Neves (administradores da Start Campus) e Nuno Mascarenhas (presidente da Câmara de Sines) foram detidos, numa investigação que visou os negócios do lítio e do hidrogénio, mas, sabe-se agora, principalmente o do centro de dados em Sines, e que foi batizada como operação Influencer. Nesse mesmo dia, foram ainda constituídos arguidos o ministro João Galamba e Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).
Conhecido como “o melhor amigo” de António Costa, Lacerda Machado é suspeito de ter usado a proximidade com o primeiro-ministro para desbloquear decisões importantes que beneficiariam a Start Campus. Durante a investigação, o nome do primeiro-ministro foi mencionado por alguns suspeitos, colocando assim Costa na mira do MP, que passou a ser alvo de um inquérito do Supremo Tribunal de Justiça (órgão competente), para apurar se este está ou não envolvido neste alegado negócio. António Costa pediu a demissão – ainda nesse dia – na sequência do caso.