“Toda a comunicação que fizemos [à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)], e toda a discussão, foi completamente recomendada por advogados.” A forma como, na Assembleia da República, Christine Ourmières-Widener, CEO da TAP, descartou responsabilidades e atirou friamente para a SRS Legal todo o ónus dos valores pagos a Alexandra Reis, relativos à saída desta antiga administradora da transportadora aérea nacional, colocou aquela sociedade de advogados, fundada por Pedro Rebelo de Sousa, no epicentro da polémica que tinha ditado mais uma baixa no Governo. Porém, nos dias posteriores ao último Natal, logo após se saber que a ex-secretária de Estado do Tesouro recebera da companhia aérea 500 mil euros de indemnização, e quando todos os envolvidos neste processo permaneciam numa espécie de silêncio concertado – impedindo que se conhecessem os motivos que ditaram tal saída e qual a intervenção das tutelas das Finanças e das Infraestruturas no caso –, o Presidente da República já deslocara, involuntária e indiretamente, as atenções para o irmão, ao informar, em primeira mão, que em causa não estivera uma renúncia de Alexandra Reis, como foi comunicado à CMVM, mas sim “uma rescisão”. E que, só devido à respetiva negociação, tal saída não dera “lugar a uma indemnização completa”, três vezes superior ao que foi pago.
Ou seja, o irmão mais novo dos Rebelo de Sousa, apesar de estar há meses a preparar a sua sucessão à frente da SRS Legal e de não ter tido em mãos um dossier que foi de César Sá Esteves (um advogado daquela sociedade, que há muito assegura os serviços jurídicos externos da companhia de bandeira), acabou por se ver debaixo dos holofotes, dos quais se tem esforçado por se manter afastado, ao longo de décadas – ao contrário dos irmãos mais velhos, Marcelo (74 anos) e António (70), caras conhecidas graças às suas atividades políticas e jornalísticas.