“Estou convidado por fundações privadas, uma das quais a Aga Khan, para falar num tema sobre o futuro, a educação e o futuro das sociedades. É muito difícil falar do futuro das sociedades sem falar da democracia, dos direitos humanos e da liberdade”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, em Fátima, no concelho de Ourém.
O chefe de Estado falava à margem do 33º Congresso Nacional da Hotelaria e Turismo.
Segundo salientou, as suas declarações sobre os direitos humanos no Qatar na quinta-feira, após o jogo de preparação entre Portugal e a Nigéria, foram da sua iniciativa, considerando ser o momento certo para o fazer.
“Pareceu-me que naquele contexto tinha de falar dos direitos humanos. Se se tratava de um jogo preparatório para o Qatar era muito estranho que naquela ocasião, a primeira depois de ter pedido ao parlamento para se pronunciar [sobre o pedido de autorização para viajar para o Qatar]”, não falasse nos direitos humanos, assumiu.
Segundo o chefe de Estado, a sua ideia era “em território português dizer” o que pensa da “situação dos direitos humanos no Qatar e depois, em território do país” onde se desloca, falar “da situação dos direitos humanos”.
“É o que tenho feito. Fiz isso noutros países que não têm regimes democráticos e com os quais mantemos relações diplomáticas. Os meus antecessores fizeram o mesmo”, sublinhou o Presidente da República.
Sobre as declarações do diretor executivo da Amnistia Internacional Portugal, Pedro Neto, que se mostrou “estupefacto” com as declarações do Presidente da República sobre os direitos humanos no Qatar, e pediu para que não fosse assistir ao Portugal-Gana em 24 de novembro, Marcelo Rebelo de Sousa referiu que é sócio da AMI e não tem visto “muitos chefes de Estado a serem tão veemente e tão claros na condenação do que se passa em termos de direitos humanos no Qatar”.
O Presidente da República reforçou que quando um chefe de Estado visita países com um regime não democrático, fá-lo “pelo interesse nacional”, caso contrário “não se poderia visitar três quartos do mundo” nem receber ou ter relações com esses países, “porque três quartos do mundo” não são democráticos, “mas ditaduras”, insistiu.
Marcelo Rebelo de Sousa referiu ainda que uma das razões para ir ao Qatar são “os direitos humanos em termos de liberdades das pessoas, as mais diversas liberdades” e “os direitos humanos dos trabalhadores que trabalharam na construção do estádio e cuja situação é dramática e que implica uma responsabilidade que um Estado de direito deve garantir às suas famílias e aqueles que morreram no exercício de uma atividade profissional”.
Após o jogo entre Portugal e a Nigéria, na quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa, disse que “o Qatar não respeita os direitos humanos”, mas que vai assistir ao Portugal-Gana, em 24 de novembro.
“O Qatar não respeita os direitos humanos. Toda a construção dos estádios e tal…, mas, enfim, esqueçamos isto. É criticável, mas concentremo-nos na equipa. Começámos muito bem e terminámos em cheio”, disse o Presidente, após a vitória de Portugal.
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