Termina nesta sexta-feira o prazo para os partidos entregarem as propostas de alteração ao Orçamento do Estado (OE) para 2023, por forma a, já no início da próxima semana, começarem a ser esgrimidos os argumentos com vista à votação. Porém, ao contrário do que aconteceu em maio, com a primeira lei orçamental concebida pela maioria absoluta socialista, a oposição sente que agora conduz “no meio do nevoeiro”. Em causa estão as diversas medidas de grande monta que o Governo tem lançado na praça pública, já depois de o Parlamento ter aprovado o documento na generalidade, e que, mesmo que apontadas para entrarem em vigor durante o próximo ano, não constam nas contas que o ministro das Finanças, Fernando Medina, entregou a Augusto Santos Silva, presidente da Assembleia da República (AR), a 10 de outubro.
O PAN e o Livre são os únicos partidos que sabem com que linhas se coser neste momento, à mercê da sua abstenção na votação na generalidade, a 27 de outubro, quando PSD, Chega, Iniciativa Liberal, PCP e Bloco de Esquerda votaram contra a proposta orçamental. A VISÃO apurou que decorrem, há vários dias e “com alguma abertura de parte a parte”, reuniões dos socialistas com Inês Sousa Real, do PAN, e Rui Tavares, do Livre, para que algumas propostas destes deputados possam ser aprovadas na especialidade. Todavia, o segredo é a alma destes encontros, daí que, apesar da insistência, não foi possível perceber até onde as duas forças políticas já conseguiram ir nas suas pretensões – um gesto que contrasta com aquela que era a comunicação do PCP e do BE, por esta altura, nos dois primeiros governos de Costa.