
Estávamos a 22 de outubro de 2013: Rui Moreira tomava posse como presidente da Câmara Municipal do Porto. Do púlpito, nos Paços do Concelho, o independente virou-se para o homem sentado à sua direita, numa poltrona em tons de dourado, e destacou, por “imperativo de gratidão, o legado cívico e político” que a cidade e ele próprio recebiam de Rui Rio, que chefiara durante 12 anos a autarquia. “Mais do que as obras, mais do que a exigência, o rigor e a transparência exemplares com que geriu os dinheiros públicos que lhe foram confiados”, o recém-eleito edil gabou ao antecessor o “modelo de pedagogia democrática”, a interpretação do “sentido mais fundo do interesse público” e o combate aos “interesses instalados” que procuravam “capturar, em benefício próprio”, aquilo que pertencia a todos os portuenses. O antecessor segurou as lágrimas, mas o abraço apertado, no final do discurso, era sintoma da cumplicidade entre ambos.
Sete anos volvidos, as palavras do atual líder do executivo camarário e a reação do agora presidente do PSD parecem tão remotas quanto improváveis. De lá para cá, houve diversos arrufos pessoais e desaguisados políticos. Um dos exemplos de que quem os conhece fala com insistência é o do pedido de Moreira para que o fundo imobiliário do Bairro do Aleixo, criado pelo anterior presidente, fosse auditado. Rio viu no ato um ataque à sua reputação de gestor rigoroso e de autarca de contas certas.
De costas voltadas desde então, Rio fez um statement em 2017, quando participou numa arruada de campanha ao lado de Álvaro Almeida, o independente que Pedro Passos Coelho escolheu para concorrer ao Porto e que viria a entrar para o partido pela mão do agora líder do partido. Pormenor: nessas eleições, o PSD sofreu uma derrota de proporções bíblicas. Não foi além dos 10,39% dos votos, muito aquém dos 44,46% registados pelo movimento encabeçado por Moreira.
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