E à terceira reunião de políticos e especialistas terá, por fim, sido avistada uma pequena luz ao fundo do túnel. Cientistas presentes no encontro desta manhã terão avançado que o pico da infeção do surto de Covid-19, em Portugal, poderá ter sido atingido a 16 e 17 de março. Segundo relatam à VISÃO fontes presentes no encontro que decorreu nas instalações do Infarmed, em Lisboa, o número de infetados pelo coronavírus pode já estar até a diminuir, embora frisem que os técnicos tenham demonstrado cautelas e prefiram esperar pelos dados dos próximos 15 dias para consolidarem essa informação.
As autoridades de saúde terão admitido também a hipótese de o pico infecioso ter durado mais do que dois dias – uma semana, por exemplo -, motivo pelo qual se fala agora em “planalto” da pandemia. Ainda assim, os especialistas insistiram na ideia de que estavam a avançar com esses dados com enormes cautelas, uma vez que se a pressão e as medidas restritivas inerentes ao estado de emergência forem levantadas todos os esforços de contenção poderão ter sido em vão. Daí, explicam fontes ouvidas pela VISÃO, que o Presidente da República tenha apelado a que os esforços se mantenham até ao final do mês.
Marcelo Rebelo de Sousa assumiu ter saído da reunião com “uma boa notícia”, mas que esta não dispensava cuidados, pedindo aos portugueses que durante o período da Páscoa não violem o isolamento social. “Se queremos ganhar a liberdade em maio precisamos de a ganhar em abril”, reforçou o Chefe do Estado.
Apesar das reservas do Presidente, na reunião, abordou-se e equacionou-se o cenário de reabertura das escolas secundárias em maio e até de alguns pequenos negócios, sobretudo mercearias (alargando o número das que, entretanto, se foram mantendo em funcionamento), cabeleireiros e barbeiros, por exemplo.
Ainda segundo os interlocutores da VISÃO, foi sublinhado que Portugal estará acima da média europeia em número de testes realizados. No total, revelou o Infarmed, terão sido 120 mil até agora, com maior incidência na região norte. Além disso, a média de propagação também diminuiu e estará, à presente data, muito pouco, quase nada, acima de 1%.
Em todo o caso, no encontro em que também participaram o presidente da Assembleia da República, membros do Governo e os líderes dos partidos com representação parlamentar, houve notícias agridoces. Portugal poupou vidas, mas tem uma das mais baixas percentagens de imunizados – não chegará sequer a 2%. Por isso, na próxima reunião, dia 15, serão avaliadas medidas para tornar o rastreio mais regular e reforçar os controlos dos pontos de contágio.
Marcelo Rebelo de Sousa pediu ainda que, nesse encontro, sejam apresentados estudos e/ou avaliações sobre o impacto de eventuais medidas de regresso à normalidade noutros países e que Portugal possa vir a mimetizar, mas houve quem saísse com sérias dúvidas sobre a capacidade de resposta nacional no day after, isto é, sobre um plano concreto e detalhado para que a sociedade e a economia voltem a funcionar.
Enquanto tardam os testes de imunidade, como prometeu a Direção-Geral da Saúde, ninguém poderá determinar com rigor que medidas mais musculadas poderão vir a ser gradualmente levantadas e que profissionais (e de que setores) poderão voltar à atividade normal. A próxima quinzena será decisiva para se determinar quantas pessoas o País estará disposto a infetar para não permitir o colapso económico.