Contas feitas à noite eleitoral, o PS surge como o mais claro vencedor em comparação com os resultados das legislativas de há quatro anos. Face a 2015, o partido de António Costa ganhou mais 21 deputados (e ainda pode aumentar esse número com os resultados da emigração), subiu a percentagem em mais de 4 pontos e, em termos numéricos, ganhou mais 124 395 votos.
O PAN é o único partido com um subida comparável – embora noutros valores, claros –, já que quadruplicou o seu número de deputados (passou de 1 para 4) e passou de 1,39% para 3,28 por cento. Esmiuçando os números, o PAN ganhou mais 92 102 votos, passando para um total de 166 854, quando há quatro anos se tinha ficado pelos 74 752 – mesmo assim, um resultado superior aos obtidos agora pelos partidos que se estreiam no parlamento com deputados solitários. Ou seja, em 2015, o lugar do PAN saiu “mais caro” do que o agora “pago”, em termos eleitorais, pela Iniciativa Liberal, Livre e Chega.
De resto, entre os outros partidos que tinham presença parlamentar, a noite, apesar das declarações públicas, foi de perdas de eleitores para todas as formações.
Mesmo o Bloco de Esquerda, que iniciou a noite a anunciar um reforço da sua presença parlamentar, chegou ao fim da jornada exatamente com o mesmo número de deputados (19) que obtivera em 2015. E, nas contas mais finas, percebe-se que perdeu cerca de meio ponto percentual e cerca de 57 mil votos.
Na CDU, as perdas foram maiores e em toda a linha: menos 5 deputados (passou de 17 para 12), menos percentagem (8,27% para 6,46%) e menos 110 mil votos.
Na direita, naturalmente, as perdas foram ainda maiores, embora a comparação com os resultados de 2015 não possa ser feita de forma tão direta porque, nesse ano, PSD e CDS concorreram coligados na esmagadora maioria dos círculos eleitorais. Mas as contas são, mesmo assim, elucidativas: no conjunto, face a 2015, PSD e CDS perderam cerca de 425 mil votos. Com consequências diretas na sua representação parlamentar: em conjunto, os dois partidos ficaram com menos 17 deputados (o PSD ainda pode recuperar alguns, com os resultados da emigração).
Para fechar as contas, a grande novidade do novo parlamento será o aumento exponencial do número de partidos: pela primeira vez, o hemiciclo de São Bento vai albergar deputados de 10 formações diferentes.