Foram mães. São mães. Sofrem de dores antigas. As dores da guerra colonial, dos filhos que partiram e não voltaram. Ou voltaram com a guerra dentro deles, que nem Abril tirou. São mulheres. Ficaram para trás. Por vezes, esquecidas nas parangonas da História, sozinhas, a arrancar à terra um quotidiano desvalido. Mas também estiveram na frente de batalha, contra a sua vontade.
Mães da Guerra é um projeto que a fotojornalista da VISÃO, Lucília Monteiro, vem desenvolvendo há vários anos e que será exibido, em versão curta, no próximo dia 5, nos XVIII Encontros de Cinema de Viana do Castelo. Delta Moreira, Helena Cardoso, Leonor Valente, Maria Moreira da Rocha, Rosa Jaco, Virgínia Martins e Virgínia Vitorino são as protagonistas deste pequeno filme, mulheres que guardam as histórias da guerra que sangrou um País e os seus jovens soldados, que eram filhos, que podiam ter sido maridos, pais, se o futuro esperasse por eles.
Mulheres, mães, que hoje olham para os retratos do País que lhes roubou o presente e uma parte do seu destino em liberdade. São de Trás-os-Montes, do Minho, do Douro, das Beiras, mas podiam ser de todos os nacos de terra deste território, onde a memória não pereceu e os queixumes de um tempo que não passa ainda se ouvem, vivos de choro, doridos de memória. E saudade.