Uma boa parte do dinheiro que entrou nas contas de Rui Rangel e que o juiz não declarou ao fisco chegou via José Santos Martins, o advogado que conheceu na Faculdade de Direito de Lisboa e que o Ministério Público suspeita ser o seu testa-de-ferro. O advogado, recorrendo à ajuda do seu filho Bernardo Martins (também arguido na Operação Lex), terá depositado 394 mil euros em dinheiro vivo em contas conjuntas do desembargador e da juíza Fátima Galante, entre janeiro de 2007 e janeiro de 2017. Ao todo terão sido 270 depósitos em numerário, havendo dias em que terão sido feitas três operações em três agências bancárias distintas. 2013 foi o ano em que mais dinheiro vivo caiu nas contas de Rui Rangel por este método: 124 mil euros.
Além dos depósitos em numerário, Santos Martins terá feito chegar às contas de Rangel mais 156 mil euros através do depósito de cheques e transferências bancárias. Terá ainda efectuado pagamentos de contas, mobílias e créditos pessoais.
O advogado com escritório na Avenida de Berna alega que fazia há anos pagamentos a Rangel e a Galante para saldar uma dívida decorrente de negócios imobiliários feitos no passado. Mas a frequência das operações é um dos indícios que leva o Ministério Público a duvidar desta defesa.
Esta é uma pequena parte da tese da investigação contra Rui Rangel. A VISÃO revela toda a tese do Ministério Público na edição que esta quinta-feira chega às bancas: as escutas, os clientes e as provas já reunidos contra o juiz; a rede de influências e os angariadores; os emails e os movimentos bancários suspeitos e os muitos planos de negócios de Rangel, que envolveram até um projecto para um centro de alto rendimento do Benfica no parque do Rock in Rio.