No parlamento, a unanimidade nem sempre é fácil de alcançar. Há, no entanto, temas em que os partidos se colocam todos do mesmo lado. Este é o cenário que começa a definir-se como o mais provável no que diz respeito às medidas que devem ser tomadas para combater a crescente poluição do Tejo. O caso tem vindo a ganhar mediatismo. Várias empresas descarregam efluentes (resíduos formados pelos processos industriais) no rio, diminuindo a qualidade da água. Os partidos com assento parlamentar reconhecem a existência do problema e convergem na solução de rever as licenças ambientais das empresas responsáveis e de aumentar a fiscalização. Como noticia o Público na edição desta terça-feira, destoam apenas na forma como se propõem a fazê-lo.
O PAN é o partido que defende a medida mais drástica. André Silva, deputado único, exige que a atividade das empresas poluidoras seja imediatamente suspensa para proteger o Tejo e critica a atuação do Ministério do Ambiente até ao momento. Defende o encerramento, com caráter de urgência, das empresas Celtejo, Navigator e Paper Prime.
O Bloco de Esquerda lembra que já tinha proposto anteriormente as medidas que foram agora adotadas pelo ministério comandado por João Pedro Matos Fernandes: a diminuição da produção da Celtejo e o encerramento da Fabrióleo. O PCP, até ao momento, defendeu apenas o reforço da fiscalização mas espera-se que no rescaldo das jornadas parlamentares, que decorrem desde ontem em Portalegre e terminam hoje, haja novidades sobre esta temática, dado que parte do programa passava por visitar as zonas do rio atingidas pelas descargas. O PEV segue a mesma linha e propõe que seja feita diariamente uma avaliação do controlo da qualidade da água. Ainda à esquerda, o PS avança com três propostas: limpar o fundo das albufeiras, rever as licenças ambientais das empresas em causa e impor limites às descargas de efluentes.
À direita a linha de argumentação não foge muito às anteriores. O PSD acrescenta ainda a ideia de criar um tribunal especializado nas questões ambientais para poder deliberar competentemente sobre impasses deste tipo. Os centristas reforçam a necessidade de haver uma fiscalização mais rigorosa e classificam como “inquestionável” a necessidade de rever as licenças das empresas poluidoras.