Os atos terroristas mudaram muito, diz Marcelo Rebelo de Sousa, à chegada à Graciosa, a quinta ilha que visita, neste seu périplo pelos Açores. Os atacantes já não têm rosto e os seus atos têm como objetivo “criar insegurança generalizada” e “intimidar”, reflete o Presidente, lamentando as vítimas de mais um atentado terrorista (que fez sete mortos e 48 feridos), que teve como alvo “cidadãos anónimos indefesos”. Por isto é que é importante o reforço da cooperação na área da segurança, mesmo com um país que já invocou o artigo 50, formalizando assim a sua saída da União Europeia. A cooperação é fundamental, porque “por mais que a Europa sofistique os seus meios, tudo o que possa aparecer como afastamento” (e neste caso, especialmente, entre a Europa e o Reino Unido e entre o Reino Unido e a Europa) não ajudará ninguém. Sobre a coincidência entre os ataques e o calendário eleitoral, e sem
se querer imiscuir em assuntos de outro Estado, Marcelo disse que “a pior coisa que podia haver, tirando uma ofensiva que visasse desestabilizar a democracia, era a democracia demitir-se de ser democracia.”
Marcelo chegou à Graciosa em dia de vento, deixando para trás o Pico, a Terceira, as Flores e o Corvo. Desceu ao porto dos pescadores e fez questão de ir à cozinha improvisada cumprimentar e para provar, do panelão, o molho à pescador, feito pelos homens do mar, à base (no caso de hoje) de congro.
Marcelo sabe que esta atividade é “económica e socialmente importante” e os pescadores agradecem a atenção. “Foi o primeiro Presidente a vir ao porto e a comer comida da nossa”, garantiu Mário Melo, o pescador de 59 anos que estava à frente dos cozinhados. Anda na faina desde os 14 e já leva o filho Ricardo, de 28, consigo para o mar.
Depois dos cumprimentos, Marcelo aperaltou-se para o repasto. Pôs o guardanapo ao peito e deixou-se servir. Depois deu a volta às mesas e voltou a servir-se. Seguirá para a Fábrica das Queijadas da Graciosa.
Próxima paragem: Faial. Se estiver bom, aterra-se de C295, o avião militar que tem levado o Presidente de ilha em ilha. Se o vento persistir, Marcelo terá de voltar ao Pico para atravessar, de barco, o canal.