O Presidente da República afirmou hoje, rodeado de crianças, que tem esperança de que prevaleça o bom senso no que respeita aos compromissos entre Portugal e os Estados Unidos sobre a base das Lajes, nos Açores.
Marcelo Rebelo de Sousa visitou hoje a base das Lajes, na ilha Terceira, e estava no meio de cerca de 40 alunos da escola de ensino básico local quando os jornalistas lhe perguntaram se acredita que esses compromissos internacionais se vão manter.
“Não sei, naquilo que depende de nós, devem manter-se, é bom que se mantenham e é um desperdício não se manterem”, respondeu, acrescentando: “Como eu sou uma pessoa esperançosa, tenho sempre esperança de que o bom senso prevaleça. É sempre a minha ideia”.
Logo de seguida, o Presidente da República perguntou às crianças, filhas de militares e funcionários da base das Lajes e de residentes dos bairros circundantes, se “não acreditam no futuro”, ao que estas responderam em coro: “Sim”.
Vasco Cordeiro pede “unidade”
O presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, defendeu hoje “uma mensagem de unidade” na defesa dos interesses da região e do país relativamente à base das Lajes, na ilha Terceira.
“Eu acho que é mau criar fatores de distração nesta matéria. As razões da minha insatisfação têm a ver com a forma como os Estados Unidos da América estão a abordar este assunto e acho que, reitero, devemos ser capazes de criar uma mensagem de unidade, de união, em relação à defesa dos interesses dos Açores que, neste caso, são os interesses de Portugal”, afirmou Vasco Cordeiro.
O chefe do executivo regional falava aos jornalistas na base aérea das Lajes, concelho da Praia da Vitória, após ser questionado se sente que está a batalhar sozinho ou se acha que tem o apoio incondicional do Governo da República e do chefe de Estado em relação às Lajes.
Na sequência da redução da presença norte-americana nas Lajes, anunciada em 08 de janeiro de 2015, os Açores apresentaram um plano de revitalização económica da ilha Terceira, no qual pedem ao Governo nacional que assegure junto dos Estados Unidos 167 milhões de euros anuais, durante 15 anos, para a ilha.
Mais de metade dessa verba – 100 milhões de euros anuais – tem como destino a “reconversão e limpeza ambiental” de infraestruturas e terrenos construídos e ocupados pelos Estados Unidos ao longo dos mais de 60 anos, alguns deles com problemas já diagnosticados de contaminação.
Confrontado com as declarações do Presidente da República, que hoje disse esperar que prevaleça o bom senso no cumprimento dos compromissos internacionais, Vasco Cordeiro afirmou que, como sucedeu na matéria laboral, que também na questão ambiental “seja possível congregar todos os esforços”.
“[Que] seja possível dar esta mensagem de união e de força para a defesa dos interesses dos Açores e dos açorianos que, nesta matéria, são, claramente, os interesses de Portugal”, adiantou.
Em 1995, Portugal e os Estados Unidos da América assinaram, em Lisboa, o Acordo de Cooperação e Defesa. Esse documento inclui também o acordo técnico, que regulamenta a utilização da base das Lajes e outras instalações militares portuguesas, e o acordo laboral, que regula a contratação de trabalhadores nacionais na base açoriana.
O protocolo criou a comissão bilateral permanente, que ficou incumbida de promover a sua execução e a cooperação entre os dois países
A semana passada, o presidente do Governo Regional considerou que “quanto mais forte e unida for a posição dos Açores melhor”, ao referir-se à questão ambiental nas Lajes.
“É importante que, à semelhança do que aconteceu na componente laboral e que teve os resultados que teve [sem despedimentos forçados], quanto mais forte e unida for a posição dos Açores melhor. Isso não quer dizer unanimismo, isso não quer dizer unanimidade”, declarou Vasco Cordeiro, após se reunir com os deputados da Comissão de Política Geral do parlamento regional para fazer um ponto de situação sobre a base.
A reunião ocorreu depois de Vasco Cordeiro ter participado em mais uma reunião da comissão bilateral, em Washington, Estados Unidos da América, que classificou de insatisfatória, tendo pedido a intervenção do Governo de António Costa.