O Presidente da República e o primeiro-ministro, assim como os principais partidos nacionais, já reagiram aos resultados do referendo no Reino Unido.
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República: “Devemos respeitar com serenidade a decisão da maioria do povo britânico, na certeza de que o projeto europeu se mantém válido na defesa dos valores que, desde há muitos séculos, marcam a nossa identidade comum. Quero salientar que Portugal, como vem sucedendo desde há 30 anos, deverá continuar a manter o seu empenhamento nos ideais de paz, liberdade, democracia, bem-estar e desenvolvimento em comum, que está no cerne da construção europeia, como um eixo central da visão e da estratégia nacionais para o futuro dos portugueses e do nosso País. Ideais que manifestamente necessitam de ser repensados e reforçados nas modalidades e práticas da União Europeia. Manifesto ainda a minha convicção de que os interesses de Portugal, bem como os dos portugueses a viver e a trabalhar no Reino Unido, continuarão a ser prosseguidos não obstante esta decisão. Seguirei em todo o caso com grande atenção o evoluir da situação e posso assegurar que Portugal não deixará de apoiar os nossos compatriotas e lusodescendentes no Reino Unido, país ao qual nos ligam sete séculos de história de uma aliança sem par. Até porque, ao fim e ao cabo, o Reino Unido continua a ser, cultural, economicamente e em termos de paz e segurança, um país europeu.”
António Costa, primeiro-ministro: “É um dia triste para a União Europeia, que tem de ser útil às vidas dos seus cidadãos: reforçar o sentimento de segurança; conseguir ser um espaço de liberdade; termos uma economia que assegure a prosperidade; uma moeda única que facilite ligações comerciais e recuperar valores europeus. Este é um sinal muito forte de que muitos cidadãos não se reveem naquilo em que a União Europeia tem vindo a tornar-se.”
Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros: “Lamentamos profundamente, mas respeitamos a decisão do povo britânico. Hoje é um dia triste, é mau dia para a Europa, mas a Europa tem de seguir em frente. Os interesses da comunidade portuguesa no Reino Unido serão protegidos e defendidos pelas autoridades portuguesas.”
Carlos César, presidente do PS: “A grande tarefa será a de reabilitar a Europa, que não terminou e que recomeçou num novo ponto de partida. No plano nacional impõe-se que a diplomacia portuguesa atue de forma vigorosa e atenta, criando, eventualmente, uma estrutura de missão que neste período de transição acompanhe e vigie os interesses estratégicos e bilaterais portugueses em relação ao Reino Unido.”
Luís Montenegro, líder parlamentar do PSD: “A saída do Reino Unido é um momento difícil, mas não deve colocar em causa o essencial deste projeto que tem agora naturalmente de se adaptar a esta nova realidade. É um dia em que o Governo português e as instituições portuguesas devem refletir sobre o nosso caminho e sobre a circunstância de estarmos a proteger os portugueses com uma estratégia económica que é muito vulnerável do ponto de vista financeiro, e que não é atrativa do ponto de vista do investimento.”
João Oliveira, deputado do PCP: “Deve-se evitar quaisquer tentativas de contornar ou impedir a concretização desta expressão popular porque isso só contribuiria para fortalecer posições de extrema direita. Por outro lado, este referendo obriga a um profundo questionamento do processo capitalista europeu e coloca na atualidade as propostas que o PCP tem vindo a apresentar no sentido de preparar o país para se libertar da submissão ao Euro e à União Europeia.”
Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda: “É um momento de início da desagregação da União Europeia e, ou há mudanças drásticas a nível europeu, ou se a Europa se fechar sobre si própria e insistir nos erros, este é um prenúncio do futuro que aí virá. Quem brinca com o fogo queima-se. Ganhem juízo, e que na Europa não se lembrem agora de continuar a centrar o discurso europeu nas sanções a Portugal.”
Pedro Mota Soares, deputado do CDS-PP: “É um dia triste para a Europa e um dia triste e mau para o próprio Reino Unido, porque se isola muito. Coloca o Reino Unido num cenário de instabilidade política e diminui a vertente atlântica da própria União Europeia. Nós temos muitos portugueses que residem no Reino Unido e há um conjunto de interesses nacionais que vamos ter de acautelar.”