Começou com um som de pedras rolando, muito ao longe. Julian não tomou imediata consciência do ruído. Estendido na areia, de olhos fechados, deslizava de um pensamento para o outro. Era bom estar ali, debaixo do sol, e quase sem corpo, ou quase parte de um corpo maior. “Sou esta praia”, pensou. Agradava-lhe a ideia de ser uma praia. Queria ser uma praia a tempo inteiro.
Voltou a escutar o surdo fragor de pedras rolando. Agora mais próximo. Julian imaginou as pedras. Rochedos duros, redondos, rolando ao longo de uma encosta íngreme. Imaginou que era uma dessas pedras. Abriu os olhos, enquanto soerguia o tronco.