Num texto do facebook do Bloco de Esquerda de Évora, publicado na segunda-feira, 11, Camilo Mortágua, fundador da LUAR, uma organização de luta armada ao salazarismo, critica fortemente a posição do PCP no voto de condenação do julgamento dos ativistas angolanos presos em Luanda. Intitulada “Carta Aberta aos velhos companheiros do Partido Comunista Português”, a mensagem acusa os comunistas de serem “fortes com os fracos e subservientes com os fortes”.
O ex-operacional da LUAR, hoje um octogenário radicado no Alvito, Alentejo, estabelece um paralelo entre a declaração do PCP na Assembleia da República, a 31 de março, e o que se passou quando a PIDE perseguia os comunistas. Camilo Mortágua lembra a declaração do PCP de que a condenação do regime de Luanda era “uma tentativa de retirar do foro judicial uma questão que a ela compete esclarecer”. De seguida, pergunta se isso não equivaleria, durante o Estado Novo, a aceitar “a tortura e o absoluto desrespeito pelos direitos fundamentais dos democratas portugueses que se [opunham] à ditadura”, não denunciando as (nem interferindo com) as decisões de então do sistema judicial português.
No texto, o ex-ativista da luta armada pergunta ainda se os seus antigos companheiros de partido “apagaram tão depressa” as memórias. “Estão de acordo em renegar esse passado?”
Camilo Mortágua é o pai de Mariana e Joana Mortágua, deputadas do Bloco de Esquerda.