“O Conselho está novamente a apontar o caminho, ao lado das vítimas da agressão”, declarou Macron, apelando a “todos os Estados para aderirem ao registo e contribuírem ativamente para a sua elaboração”.
O chefe de Estado francês instou também a organização a contribuir para a criação de uma centena de “centros de saúde mental” na Ucrânia, para fazer face aos traumas de guerra.
“Proponho que lancemos um grande projeto para que [o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa] possa rapidamente intervir e apoiar a instalação de uma centena de centros de saúde mental na Ucrânia”, disse Macron.
Antes da cimeira, numa conferência de imprensa conjunta com a primeira-ministra islandesa, Katrina Jakobsdottir, em Reiquiavique, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, indicou que a responsabilidade da Rússia perante a justiça será um dos temas centrais da cimeira do Conselho da Europa, sublinhando que a prestação de contas é um “pré-requisito” para a paz na Ucrânia.
“A justiça é um pré-requisito para a paz”, afirmou Von der Leyen, acrescentando que outra das questões a abordar será “a fórmula da paz” proposta pelo Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que intervirá na cimeira por videoconferência.
“A Ucrânia, como vítima, deve fornecer a base para a fórmula da paz. O Presidente Zelensky está muito aberto ao debate, mas é importante que este seja o fundamento sobre o qual trabalhamos”, frisou a presidente da Comissão Europeia, acrescentando que se deve seguir o princípio de “Nada sobre a Ucrânia sem a participação da Ucrânia”.
À quarta cimeira do Conselho da Europa desde a sua fundação, em 1949, assistem, além de Von der Leyen e Macron, outros líderes europeus, como o chanceler alemão, Olaf Scholz, o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Portugal está representado pelo primeiro-ministro, António Costa, que já manifestou apoio à futura criação de um registo de danos causados pela agressão da Rússia contra a Ucrânia.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 447.º dia, 8.836 civis mortos e 14.985 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.
ANC // SCA