Depois do ataque à faca em Southport, em julho do ano passado, a polícia de Merseyside foi fortemente criticada pela demora em divulgar o que já sabia sobre o atacante, demora essa que alimentou os discursos anti-imigração e anti-islão – porque a teoria que ganhou força foi a de que tratava de um homem muçulmano – e que levou a confrontos violentos.
Agora, as autoridades não hesitaram. Passava pouco das 18h de segunda-feira quando um homem atropelou uma multidão em Liverpool, durante as celebrações da vitória do clube desta cidade do norte de Inglaterra no campeonato britânico, deixando, pelo menos, 50 feridos. Pouco tempo depois já circulavam vídeos captados pelos presentes com os telemóveis, acompanhados de teorias e tentativas de adivinhar a identidade e motivação do condutor. Mas, em poucas horas, a polícia divulgava a descrição do homem detido: um britânico de 53 anos, branco, residente na área de Liverpool. Mais tarde, uma conferência de imprensa serviu para afastar a hipótese de terrorismo.
O presidente da Câmara Municipal de Liverpool, Steve Rotheram, considera que a polícia de Merseyside “lidou com a situação de forma fantástica”, dada a rapidez com que as imagens do incidente foram partilhadas na Internet. A desinformação online pode dar origem a “muitas narrativas falsas”, afirmou à Sky News, elogiando a rapidez com as autoridades agiram nesse sentido, “para atenuar alguns dos tipos de mensagens que estávamos a testemunhar, e que diziam que havia outras coisas a acontecer por toda a cidade.”
À BBC Radio 5 Live, Dal Babu, ex-superintendente-chefe da Polícia Metropolitana, também sublinhou que o facto de a polícia ter revelado “muito rapidamente” a etnia e a raça do suspeito é “sem precedentes”. “Penso que foi para atenuar algumas das especulações da extrema-direita, que continuam no X, neste preciso momento, de que se tratava de um extremista muçulmano.”