O anúncio de demissão de Justin Trudeau foi recebido com surpresa por grande parte do mundo, pelo menos o ocidental, onde o primeiro-ministro canadiano é uma estrela mediática. Já no seu próprio país, poucos se espantaram. Na verdade, a popularidade de Trudeau além-fronteiras, assente numa aparente juventude (poucos lhe dão 53 anos), imagem agradável, simpatia e carisma, não é acompanhada dentro de portas. A sua taxa de aprovação encontrava-se em janeiro nos 22%, de acordo com o barómetro do Instituto Angus Reid. Uma queda estrondosa do pico de 65%, atingidos em setembro de 2016, onze meses depois de ser eleito.
Infelizmente para o líder do Partido Liberal do Canadá, uma boa imagem é manifestamente insuficiente para governar um país. A fadiga natural dos canadianos por alguém que está no poder há quase uma década foi agravada pelo aumento do custo de vida, com a crise da habitação à cabeça. Tal como Portugal, o Canadá é um dos países onde os preços das casas mais têm subido, face aos rendimentos, sobretudo nas grandes cidades, como Vancouver e Toronto.