Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, anunciou este domingo o segundo nome para a sua futura administração. Depois de Susie Wiles – diretora da campanha republicana, nomeada para o lugar de chefe de gabinete – Trump, de 78 anos, vai nomear Tom Homan, antigo responsável pela imigração, para o controlo das fronteiras. Desde o anúncio da vitória de Donald Trump para um segundo mandato que têm sido apontados vários nomes – e respetivos cargos – que o republicano pode vir a nomear para a sua administração – como Robert Kennedy, Elon Musk e Marco Rubio, apontado pelo New York Times como o possível candidato ao cargo de secretário de Estado.
Tom Homan, conhecido como o “czar das fronteiras”, vai assegurar a pasta da imigração e fronteiras, área sobre a qual possui uma vasta experiência. Ex-polícia de Nova Iorque e agente de patrulha fronteiriça, Homan foi chamado, pela primeira vez, a assumir um cargo na agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira – na sigla inglesa, ICE – em 2013, durante a administração democrata de Obama. O ex-presidente escolheu-o para chefiar o departamento de deportação da agência e, durante a sua liderança, o organismo registou um número recorde de deportações, levando Obama a atribuir-lhe o Prémio de Classificação Presidencial (Presidential Rank Award), reconhecendo o seu contributo para o serviço público norte-americano.
Homan, de 62 anos, exerceu também um papel essencial na política de imigração do primeiro mandato de Donald Trump, como diretor interino da ICE, entre janeiro de 2017 e junho de 2018 – antes de se reformar. Segundo a CBS News, Homan foi um dos mentores da política de “tolerância zero” à imigração do republicano, que resultou na separação de milhares famílias migrantes. O “czar das fronteiras” foi uma das pessoas que assinaram a política de Kirstjen Nielsen, então secretária de Segurança Interna, que deu luz verde a essa mesma separação, ao processar os pais – ilegais no país – e ao enviar os filhos menores para abrigos. De acordo com o The Atlantic, Homan já tinha proposto a separação de famílias, em 2014, ao então Secretário de Segurança Interna de Obama, Jeh Johnson, que rejeitou a ideia considerando-a “insensível e impraticável”.
“Tenho o prazer de anunciar que o antigo diretor da ICE e um bastião do controlo das fronteiras, Tom Homan, se juntará à administração Trump, responsável pelas fronteiras da nossa nação”, escreveu o republicano no passado domingo, na rede social Truth Social, ao anunciar a nomeação. O republicano referiu ainda que Homan “será responsável por toda a deportação de estrangeiros ilegais de volta para o país de origem”, reforçando a promessa que fez durante a sua campanha eleitoral, de liderar a maior operação de deportação de migrantes ilegais da história dos Estados Unidos.
“Conheço o Tom há muito tempo e não há ninguém melhor para policiar e controlar as nossas fronteiras”, acrescentou Trump que, em 2018, o chegou a nomear para o cargo de Diretor Permanente da Agência (mas o Senado nunca avançaria com a nomeação).
Atualmente, Homan trabalhava para a televisão norte-americana Fox News. O líder da imigração de Trump integra também a Heritage Foundation, uma organização conservadora responsável pelo “Project 2025”, que reúne um conjunto de medidas conservadoras e que foi anunciado durante a campanha republicana.
Em outubro deste ano, durante uma entrevista ao programa “60 Minutos” da CBS News, Tom Homan abordou a forma como o governo dos Estado Unidos, caso Trump vencesse as eleições, conduziria a “maior operação de deportação da história americana”. “Não é uma ameaça para a comunidade de imigrantes”, disse, na altura, sugerindo que os seus alvos, em primeiro lugar, seriam pessoas com registo criminal e ameaças à segurança nacional. Depois, nas suas palavras, seria necessário procurar deportar os imigrantes – sem qualquer registo de crimes – que se encontram no país ilegalmente. Para isso acontecer, Homan terá de reverter as normas impostas durante a administração de Joe Biden e que obrigam a ICE a concentrar-se na detenção e deportação apenas de criminosos graves e ameaças à segurança nacional.
Na entrevista, Homan anunciou ainda a intenção de recuperar as detenções de imigrantes nos seus locais de trabalho, política que a administração Biden suspendeu em 2021. “Isso vai ser necessário”, disse sobre a aplicação dessa política. Quando questionado sobre os impactos que as deportações em massa podem ter na separação de famílias, Homan respondeu apenas que “as famílias podem ser deportadas em conjunto”.