O candidato republicano às eleições presidenciais norte-americanas estava a praticar golfe, este domingo, num dos seus clubes, o Trump International Golf Club, em West Palm Beach, no estado da Florida, quando os agentes dos Serviços Secretos que o acompanhavam ouviram disparos e avistaram um cano de espingarda tipo AK47 a sair de uma vedação do recinto e abriram fogo sobre um homem que se encontrava nos arbustos. O incidente ocorreu pelas 14 horas locais (18h em Lisboa), não havendo registo de feridos.
Em comunicado, o republicano, de 78 anos, garantiu que se encontra “seguro e bem” e que nada o fará desistir da corrida eleitoral, apelando ao voto republicano a 5 de novembro. “Houve tiros na minha vizinhança, mas antes que os rumores comecem a ficar fora de controlo, queria que ouvissem isto primeiro: EU ESTOU SEGURO E BEM!”, garantiu num email enviado aos seus apoiantes e citado pela agência Associated Press. O ex-presidente referiu ainda que a “sua determinação [de voltar à Casa Branca] é ainda mais forte depois de outra tentativa de assassínio”.
Segundo o FBI, o episódio está a ser investigado como uma aparente “tentativa de assassínio”. O suspeito – identificado como Ryan Wesley Routh – fugiu de imediato do local num veículo todo-o-terreno, e acabou por ser detido mais tarde num condado vizinho pelas forças policiais locais. A arma de fogo foi recuperada no local do incidente bem como duas mochilas com azulejos de cerâmica para aumentar o colete à prova de bala e uma GoPro onde o suspeito estava posicionado. “Todo este cenário indica um nível muito elevado de planeamento prévio”, disse à CNN Andrew McCabe, antigo diretor-adjunto do FBI.
Trump encontrava-se a passar o fim de semana na Florida após o encerramento de um comício sexta-feira à noite, em Las Vegas, Nevada, e de uma angariação de fundos no estado do Utah. É frequente jogar golfe no Trump International Golf Club West Palm Beach, um dos três campos que o empresário possui no estado.
Em julho, enquanto discursava num comício no estado da Pensilvânia, Trump foi atingido de raspão na orelha por um projétil. Desde então que o candidato republicano tem uma segurança reforçada.
Quem é Ryan Wesley Routh, o homem detido pela tentativa de assinato?
Ryan Wesley Routh, 58 anos, é um cidadão norte-americano que viveu durante a maior parte da sua vida no estado da Carolina do Norte antes de se mudar, em 2018, para Kaaawa, no Havai. O suspeito e o filho, segundo a Agência AP, geriam uma empresa de construção de barracões.
Routh era um utilizador frequente das redes sociais onde partilhava várias informações sobre a guerra na Ucrânia e geria um site que procurava angariar fundos e recrutar voluntários para se juntarem à luta contra a invasão russa. Apesar das suas publicações indicarem que já foi um republicano, nos últimos anos, Routh manifestou o seu apoio publicamente ao Presidente Joe Biden e à Vice-Presidente Kamala Harris, existindo até registados de doações que fez à campanha democrata. “Embora tenha sido minha escolha em 2016, eu e o mundo esperávamos que o presidente Trump fosse diferente e melhor do que o candidato, mas todos nós ficámos muito desapontados e parece que está a piorar e a deteriorar-se”, escreveu. “Ficarei feliz quando se for embora”
Numa publicação feita em abril referiu que a campanha de Biden deveria ser “chamada algo como KADAF. Manter a América democrática e livre. Trump deveria chamar-se MASA … make Americans slaves again master (tornar os americanos novamente escravos). A democracia está em votação e não podemos perder”, escreveu.
Após o primeiro ataque a Trump, na Pensilvánia, o suspeito incentivou Harris e Biden a visitarem os feridos no hospital. “Tu e o Biden deviam visitar as pessoas feridas no hospital durante o comício de Trump e assistir ao funeral do bombeiro assassinado. Trump nunca fará nada por eles”, escreveu num post.
Segundo os registos policiais, enquanto vivia na Carolina do Norte, Routh teve vários problemas com a polícia, sendo condenado em 2002 por posse de uma arma de destruição maciça.
A resposta democrata
Face à nova tentativa de assassinato de Trump, o ainda Presidente Joe Biden manifestou-se “aliviado” pelo opositor republicano estar em segurança e deu ordens para reforçar a sua proteção. Através de uma nota divulgada pela Casa Branca, Biden pediu à sua administração que garanta que os Serviços Secretos “têm todos os recursos, capacidades e medidas de proteção necessárias para garantir a segurança contínua” de Trump. “Um suspeito está sob custódia e elogio o trabalho do Serviço Secreto e dos seus parceiros responsáveis pela aplicação da lei pela sua vigilância e esforços para manter o ex-presidente e aqueles que o rodeiam em segurança. Estou aliviado por o ex-presidente estar ileso”, referiu o Presidente. “Como já disse muitas vezes, não há lugar para a violência política ou para qualquer tipo de violência no nosso país”, acrescentou.
Também Kamala Harris, opositora de Trump pela liderança da Casa Branca, já se pronunciou sobre o incidente condenando a violência e dizendo estar “profundamente perturbada” com o episódio. “Fui informada da ocorrência de tiros perto do antigo Presidente Trump e da sua propriedade na Florida e estou feliz por ele estar são e salvo. A violência não tem lugar na América”, escreveu a ainda vice-presidente na rede social X.