A convenção Nacional Democrata teve início durante a madrugada desta segunda-feira, dia 20 de agosto, no Union Center, em Chicago, no estado norte-americano do Illinois. O primeiro dia da convenção ficou marcado pelo discurso surpresa de Kamala Harris, na sua primeira aparição como candidata oficial do partido às eleições presidenciais. A noite ficou ainda marcada pelo discurso de Joe Biden – atual líder da Casa Branca – e as declarações de Hillary Clinton, Jill Biden e Karen Bass, presidente de Los Angeles.
A primeira de quatro noites da Convenção Democrata – que vai contar ainda com discursos de Barack Obama, Tim Walz e Nancy Pelosi – ficou dividida entre o apoio a Kamala Harris e as homenagens e agradecimentos a Joe Biden. Harris, que só era esperada esta quinta-feira, antecipou as primeiras declarações para o primeiro dia de convenção tendo dedicado parte do seu discurso a Joe Biden e à “sua liderança histórica”. “Quero começar celebrando o nosso incrível Presidente Joe Biden”, referiu a candidata, recebida por uma ovação em pé pelos milhares de participantes da Convenção. “Estaremos eternamente gratos”, acrescentou.
Após a desistência de Biden, no passado dia 21 de julho, Kamala Harris assumiu a candidatura pelo partido democrata à liderança da Casa Branca tendo conseguido, em menos de um mês, virar as sondagens dos estados críticos a seu favor. A democrata referiu ainda a necessidade de “seguir em frente”, passando uma mensagem de “otimismo, esperança e fé”. “Olhando para todos os presentes esta noite, vejo a beleza da nossa grande nação, gente de todos os lados e com todo o tipo de historial”, explicou.
Já Biden, ainda Presidente, passou o testemunho à vice-presidente durante a sua intervenção. “Selecionar a Kamala foi a primeira decisão que tomei quando fui nomeado, e foi a melhor decisão que tomei em toda a minha carreira política (…) Ela vai ser uma presidente de que todos podemos ter orgulho. Vai ser uma presidente histórica”, defendeu.
Recebido com uma ovação de mais de quatro minutos, o líder americano mencionou as conquistas da sua administração e sublinhou a importância da eleição de novembro. “Com um coração grato, apresento-me perante vocês nesta noite de Agosto para declarar que a democracia prevaleceu. A democracia funcionou e agora a democracia tem de ser preservada”, continuou. “Foi a honra da minha vida servir como vosso presidente. Adoro este cargo, mas amo ainda mais o meu país”, despediu-se.
Durante a sua intervenção, Biden foi várias vezes interrompido pelos presentes que ecoavam os cânticos “We love Joe” – em português, “Adoramos o Joe” – bem como “Thank you Joe” – “Obrigado Joe”.
O democrata, de 81 anos, falou ainda sobre o adversário republicano de Harris, Donald Trump, que derrotou nas eleições de 2020. “Donald Trump diz que os Estados Unidos são uma nação falhada. Pensem na mensagem que ele envia para o mundo inteiro, quando diz que os Estados Unidos são uma nação falhada. Ele é que é o falhado. Está completamente errado”, referiu. Biden voltou também a mencionar o assalto ao Capitólio – a 6 de janeiro de 2021 – reforçando que todos os cidadãos norte-americanos têm a obrigação de voltar a salvar a democracia. “Nesse dia, quase perdemos tudo o que faz o nosso país. E essa ameaça, e isto não é uma hipérbole, ainda está muito viva. Donald Trump diz que recusa aceitar os resultados eleitorais se perder outra vez”, advertiu. “Estamos num ponto de inflexão (…) É um desses raros momentos na História em que as decisões que tomarmos agora vão determinar o futuro durante décadas”, defendeu.
Enquanto decorria a convenção, no lado exterior do recinto, acontecia uma manifestação Pró-Palestina. O ainda chefe de Estado acabou também por dirigir algumas palavras aos manifestantes garantindo que Harris continuará a oposição a Putin e referindo a sua proposta de cessar-fogo para o conflito Israel-Hamas. “Os manifestantes lá fora têm razão, muita gente está a morrer – dos dois lados”, referiu Biden.
Também a antiga candidata democrata Hillary Clinton discursou na primeira noite da Convenção Democrata, defendendo que a nomeação de Harris para a Presidência dos Estados Unidos abre um novo capítulo na história do País. “Alguma coisa está a acontecer na América. Conseguimos senti-lo. É algo pelo qual trabalhámos e com que sonhámos durante muito tempo”, referiu, recordando vários marcos importantes no percurso político das mulheres, desde a conquista do direito ao voto à sua derrota em 2016. “Recusámo-nos a desistir da América. Milhões marcharam, muitos candidataram-se a cargos e mantivemos os olhos no futuro (…) Bom, meus amigos, o futuro chegou”, mencionou.
Uma das mais aplaudidas da noite, Clinton mencionou ainda a condenação por 34 crimes em Nova Iorque de Trump sendo ouvidos pelo público os cânticos “Lock him up!” – em português, “prendam-no” – numa referência às palavras do republicano durante a campanha de 2016. “A Constituição diz que o trabalho do presidente é garantir que as leis são executadas de forma fiel. Olhem para os candidatos”, defendeu. “Donald só quer saber dele próprio”, apontou.
Ao palco subiu ainda Karen Bass, Presidente da Câmara de Los Angeles, que elogiou o trabalho de Harris enquanto procuradora-geral da Califórnia. “Quando a Kamala encontra alguém jovem, conseguimos sentir a sua paixão, o seu coração e a sua coragem. É isso que define o compromisso com as crianças, estar disposta a lutar por todas”, referiu.
A Convenção Democrata – que regressou a Chicago 28 anos depois – decorre até 22 de agosto.
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