As primeiras projeções das eleições em França dão uma vitória surpreendente para a coligação de esquerda Nova Frente Popular, seguida da coligação presidencial Juntos. A União Nacional, que venceu a primeira volta, ficou em terceiro, ao contrário do que indicavam todas as sondagens das últimas semanas.
Em constante atualização, as projeções indicam assim que a Nova Frente Popular terá mais de 180 lugares no Parlamento, seguido o Juntos com pelo menos 166 deputados e a União Nacional obteve 143 lugares. Sem atingir a maioria absoluta – 289 deputados – nenhum dos blocos partidários está em condições de formar um governo.
A participação estimada foi de 67%, a mais alta registada durante um segundo turno em mais de 40 anos e ligeiramente maior do que no primeiro turno.
Recorde que na primeira volta, a União Nacional (RN, extrema-direita) obteve 33,10%, a Nova Frente Popular (NFP, coligação de esquerda) 28% e o Juntos (Ensemble, coligação presidencial) 20%.
Gabriel Attal: “Foi uma honra ser primeiro-ministro”
O primeiro-ministro francês, Gabriel Attal, anunciou que irá apresentar a demissão a Macron na segunda-feira. “Mantivemo-nos firmes e continuamos firmes”.
Presidente não vai nomear um primeiro-ministro hoje
O Palácio do Eliseu já confirmou que Emmanuel Macron não vai falar esta noite, preferindo aguardar pela “estruturação” da nova composição da Assembleia Nacional para “tomar as decisões necessárias”, lê-se em comunicado. O Presidente refere ainda que é importante ter “contenção” face aos resultados que ainda são provisórios.
Mélenchon: “O Presidente tem o dever de chamar a Nova Frente Popular para governar”
O líder da França Insubmissa (partido que lidera a coligação Nova Frente Popular), Jean-Luc Mélenchon, já reagiu e falou diretamente para Macron. “O Presidente deve inclinar-se e admitir a derrota. O primeiro-ministro deve ir embora, nunca recebeu a confiança da Assembleia Nacional”, disse.
Os resultados surpresa são um “imenso alívio para a maioria das pessoas no nosso país”, afirmou. “O nosso povo rejeitou claramente a pior solução possível”.
Le Pen: Vitória ficou “apenas adiada”
Marine Le Pen, líder do União Nacional, afirmou que apesar do resultado está a ser feito “progresso”. “A maré está a subir. Desta vez não subiu suficientemente alto, mas continua a subir. E, por isso, a nossa vitória só tarda”, disse. “Tenho demasiada experiência para ficar desiludida com um resultado em que duplicamos o nosso número de deputados”.
Le Pen diz ainda que Macron está agora “numa situação insustentável”.
Bardella: “Estes acordos eleitorais atiram a França para os braços da extrema-esquerda de Jean-Luc Mélenchon”
Jordan Bardella diz que “a aliança da desonra e os arranjos eleitorais perigosos negociados por Emmanuel Macron e Gabriel Attal com as formações de extrema-esquerda impedem os franceses de uma política de recuperação nacional”.
“Esta noite tudo começa. E eu estarei lá, por vocês, com vocês, até a vitória. Esta noite, um velho mundo caiu e nada pode deter um povo que voltou a ter esperança”, salientou.
Faure: “França merecia mais do que a alternativa entre neoliberalismo e fascismo”
O líder do Partido Socialista francês, Olivier Faure, que faz parte da coligação de esquerda Nova Frente Popular, avisa que não aceitará “coligação de opostos que traia o voto dos franceses”. “França merecia mais do que a alternativa entre neoliberalismo e fascismo”, declarou.
[Artigo atualizado às 00h]