Estima-se que, até ao fim de 2024, mais de 65 milhões de pessoas oriundas de todas as regiões de África sejam forçadas a fugir em busca de proteção e assistência humanitária, um número que representa quase metade (49%) do total de pessoas deslocadas no mundo.
Em comunicado, Joana Feliciano, do Portugal com ACNUR, parceiro nacional da Agência da ONU para os Refugiados, referiu que esta “é uma situação sem precedentes e que se agrava de dia para dia”. “Os muitos conflitos e situações de violência armada que eclodiram ao longo da última década no continente e o crescente impacto das alterações climáticas obrigaram todas estas pessoas e as suas famílias a deixar tudo para trás”, disse ainda.
Só na região do Leste e do Corno de África, o ACNUR prevê que, até ao final de 2024, venham a ser acolhidas 23,6 milhões de pessoas deslocadas à força e apátridas, principalmente devido aos conflitos no Sudão, Etiópia, Somália e República Democrática do Congo e às cheias e secas provocadas pelas alterações climáticas que afetaram estes territórios.
“Do Sahel ao Corno de África, sem esquecer as regiões do Centro e Sul do continente, tanto as pessoas deslocadas como as comunidades de acolhimento vivem numa situação limite. Novos conflitos, uma maior competição pelos recursos devido aos efeitos das alterações climáticas, a pobreza e a inflação estão a fazer escalar as necessidades humanitárias”, alerta ainda Joana.
Também na África Austral as complexas situações de emergência na República Democrática do Congo e em Moçambique, bem como as deslocações prolongadas e migrações mistas provenientes da África Subsariana, deverão fazer aumentar para 12,2 milhões ao longo deste ano o número de pessoas deslocadas à força, repatriadas e apátridas nesta região, alerta a agência.
Na África Ocidental e Central, prevê-se que a instabilidade política e os conflitos armados façam crescer em 9% o número de pessoas deslocadas à força e apátridas para um total de 13,6 milhões até ao final do ano, das quais 8,4 milhões serão deslocados internos.
Também se espera que na região do Norte de África haja um aumento da população deslocada neste países, alcançando os 15,8 milhões, em resultado, sobretudo, das catástrofes naturais em Marrocos e na Líbia e da guerra civil no Sudão que levou os refugiados a fugirem para o Egipto.
Joana Feliciano relembra que muitas destas pessoas acabam por passar por uma situação de deslocação forçada mais do que uma vez na sua vida. “Muitas vezes, falamos de pessoas que inicialmente fugiram de um país devido a um conflito que eclodiu na região para pouco depois se verem novamente sem nada, nem casa nem bens, devido a um fenómeno climático extremo”, explica.