Os casos de burla e extorsão com recurso às telecomunicações e à Internet em Macau subiram 75,8% em 2023, com perdas estimadas em 311 milhões de patacas (35,6 milhões de euros), foi hoje anunciado.
De acordo com dados oficiais divulgados pelo secretário para a Segurança, Wong Sio Chak, a região semiautónoma chinesa registou 1.306 burlas cometidas através do telefone ou ‘online’ no ano passado, mais 735 casos do que em 2022.
A maioria das burlas (894, mais 43,7%) aconteceram com recurso à Internet, embora o maior aumento tenha ocorrido nas burlas através do telemóvel (412), que quase quadruplicaram.
Num relatório, a tutela da Segurança revelou que em 329 casos as vítimas revelaram a burlões os dados de cartões de crédito quando tentavam comprar bens ou serviços ‘online’, mais do dobro do registado em 2022.
Wong Sio Chak sublinhou ainda que no ano passado 148 pessoas foram alvo de extorsão após terem partilhado fotos nuas em plataformas de mensagens na Internet, um aumento de 60,9%.
As autoridades de Macau registaram um aumento de 37,6% da criminalidade global em 2023, algo justificado com o aumento dos turistas, após o fim das restrições impostas no âmbito da política ‘zero covid’.
Na conferência de imprensa, Wong Sio Chak disse que a Polícia Judiciária (PJ) de Macau está a testar uma aplicação de combate à burla, que deverá ser lançada em abril na rede social chinesa WeChat.
O secretário explicou que a aplicação vai permitir às pessoas consultarem números de telefone, contas bancárias e endereços de correio eletrónico suspeitos, assim como obter informações sobre os métodos de burla mais usados.
O secretário disse que a PJ detetou 90 casos praticados por redes criminosas transfronteiriças, cujo valor envolvia mais de 100 milhões de patacas (11,4 milhões de euros) e deteve 134 pessoas.
O secretário acrescentou que, graças a um mecanismo de alerta para suspensão de transações suspeitas e cessação de pagamento, a polícia de Macau conseguiu recuperar mais de 113 milhões de patacas (12,9 milhões de euros) em 531 casos.
Ainda assim, o responsável sublinhou que o crime de burla com recurso às telecomunicações “já se tornou um fenómeno criminoso enfrentado por muitos países regiões do mundo”.
Centenas de milhares de pessoas, a maioria dos quais chineses, têm sido alvo de tráfico humano para centros no Sudeste Asiático, onde são forçados a defraudar compatriotas através da Internet, de acordo com um relatório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos divulgado em agosto.
~Cerca de 100 mil pessoas foram traficadas para o Camboja e pelo menos 120 mil para Myanmar (antiga Birmânia), apontou o relatório.
A incapacidade da junta militar no poder em Myanmar em acabar com estes centros tem levado a tensões com a China, um dos principais aliados e fornecedores de armas do país.
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