Afirmando-se “preocupados” com a votação, os observadores da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) afirmaram quinta-feira que as eleições decorreram num ambiente “restritivo e sem verdadeira competição política”.
Aliyev está no poder há mais de 20 anos e convocou eleições antecipadas numa altura em que gozava de um aumento de popularidade, depois de as tropas azeris terem recuperado rapidamente a região de Nagorno-Karabakh aos separatistas de etnia arménia que a controlavam há três décadas.
O Presidente está agora a caminho de um novo mandato de sete anos.
As eleições de quarta-feira “decorreram num ambiente restritivo e foram marcadas pelo abafamento das vozes críticas”, afirmou Artur Gerasymov, coordenador especial e líder do grupo de observadores eleitorais da OSCE no Azerbaijão.
“[Aliyev] não foi contestado de forma significativa” e, devido às limitações impostas aos meios de comunicação social independentes, à sociedade civil e a outros partidos políticos, a competição foi “desprovida de um pluralismo genuíno”, denunciou Gerasymov.
O líder do grupo de observadores eleitorais da OSCE no Azerbaijão acrescentou que a “quase ausência de informação analítica” nos meios de comunicação social azeris impediu os eleitores de fazerem uma escolha informada.
Analistas locais e internacionais citados pela agência noticiosa Associated Press (AP) sugerem que Aliyev antecipou as eleições para capitalizar o aumento da sua popularidade após o ataque de setembro em Nagorno-Karabakh e que poder.
Estará novamente na ribalta em novembro, quando o Azerbaijão, um país que depende fortemente das receitas dos combustíveis fósseis, acolher uma conferência da ONU sobre alterações climáticas.
Aliyev, 62 anos, está no poder desde 2003, quando sucedeu ao seu pai, que foi chefe comunista do Azerbaijão e depois Presidente durante uma década, quando o país se tornou independente após o colapso da União Soviética, em 1991.
O chefe de Estado tinha declarado que queria que esta eleição “marcasse o início de uma nova era”, em que o Azerbaijão tivesse controlo total sobre o seu território.
Aliyev e a sua família votaram em Khankendi, uma cidade que era chamada Stepanakert pelos arménios quando era a sede do governo separatista autodeclarado.
A região, conhecida internacionalmente como Nagorno-Karabakh, e grande parte do território circundante ficaram sob o controlo total das forças de etnia arménia apoiadas pela Arménia no final de uma guerra separatista em 1994.
O Azerbaijão reconquistou partes de Nagorno-Karabakh e a maior parte do território circundante em 2020, numa guerra de seis semanas que terminou com uma trégua mediada por Moscovo.
Em dezembro de 2022, o Azerbaijão começou a bloquear a estrada que liga a região à Arménia, causando escassez de alimentos e de combustível, e depois lançou uma ofensiva em setembro de 2023 que derrotou as forças separatistas em apenas um dia e as obrigou a depor as armas.
Mais de 100.000 arménios fugiram da região, deixando-a praticamente deserta.
O período de Aliyev no poder tem sido marcado pela introdução de leis cada vez mais rigorosas que restringem o debate político, bem como pela detenção de figuras da oposição e de jornalistas independentes, nomeadamente no período que antecedeu as eleições presidenciais.
Os dois principais partidos da oposição do Azerbaijão – Musavat e a Frente Popular do Azerbaijão – não participaram na votação e alguns membros da oposição alegaram que esta poderá ter sido falseada.
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