“No último ano e meio, foram criados 520 mil novos empregos na indústria da Defesa”, declarou Putin num fórum de apoio à ofensiva na Ucrânia, na cidade de Tula, cerca de 200 quilómetros a sul de Moscovo.
Desde 2022, a Rússia reorientou completamente a sua economia para a indústria de armamento e aumentou a sua produção, apesar das sanções impostas pelo Ocidente, que visavam em especial dificultar o fabrico de armas e de munições.
Moscovo conseguiu, contudo, contornar algumas dessas medidas e adquirir a microeletrónica de que necessita, nomeadamente na Ásia.
O Governo previu para 2024 um aumento de quase 70% do orçamento federal destinado à Defesa.
Mas a concentração da economia russa nas atividades da Defesa — setor em que os salários são elevados -, além da mobilização de centenas de milhares de homens e do êxodo para o estrangeiro de um número igualmente significativo, conduziu à escassez de mão-de-obra noutros setores, como a construção, a agricultura, entre outros.
Segundo Putin, a Rússia tem “6.000 empresas pertencentes ao complexo industrial da Defesa, que empregam 3,5 milhões de pessoas”, além de “10.000 (…) subcontratantes”.
Embora a linha da frente na Ucrânia esteja praticamente congelada, alguns observadores concordam que, agora, a capacidade de produção de armamento e munições, tanto do lado ucraniano – apoiado pelo Ocidente – como do lado russo, será fundamental para a continuação deste conflito de alta intensidade.
Hoje, Vladimir Putin instou assim essas empresas a serem “reativas” aos desenvolvimentos tecnológicos na frente de combate.
“Neste momento, para ter êxito no campo de batalha, é necessário reagir rápida e adequadamente ao que lá está a acontecer”, sustentou, acrescentando: “Quem fizer isso mais rapidamente é que ganha”.
E apesar de o chefe de Estado russo ter saudado, a concluir a sua intervenção, o nível “muito satisfatório” da produção militar nacional, a Rússia é suspeita, segundo o Ocidente, de ter recebido mais de um milhão de projéteis de artilharia do seu aliado norte-coreano.
Por seu lado, a Ucrânia apela ao Ocidente para “travar” a produção de armas na Rússia, assegurando que 95% dos “componentes essenciais estrangeiros” utilizados no armamento russo foram produzidos em sociedades ocidentais.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, mas não conheceu avanços significativos no teatro de operações nos últimos meses, mantendo-se os dois beligerantes irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.
As últimas semanas foram marcadas por ataques aéreos em grande escala da Rússia contra cidades e infraestruturas ucranianas, enquanto as forças de Kiev têm visado alvos em território russo próximos da fronteira e na península da Crimeia, ilegalmente anexada em 2014.
ANC // SCA