As forças norte-americanas e britânicas bombardearam hoje vários locais utilizados pelos rebeldes houthis do Iémen, num ataque de retaliação às ofensivas dos insurgentes contra a navegação no mar Vermelho, adiantaram à Associated Press (AP) autoridades dos EUA.
Estes ataques marcam a primeira resposta militar dos EUA ao que tem sido uma campanha persistente de ataques de ‘drones’ e mísseis contra navios comerciais, desde o início da guerra entre Israel e o movimento islamita palestiniano Hamas na Faixa de Gaza.
Autoridades norte-americanas confirmaram à AP os ataques, sob condição de anonimato.
A ofensiva norte-americana e britânica foi executada com recurso a mísseis Tomahawk e caças lançados por navios de guerra e tiveram como alvo centros logísticos, sistemas de defesa aérea e locais de armazenamento de armas, de acordo com as mesmas fontes dos EUA.
Jornalistas da agência de notícias na capital do Iémen, Sanaa, relataram quatro explosões, e habitantes de Hodieda, Amin Ali Saleh e Hani Ahmed disseram ter ouvido cinco fortes explosões.
Hodieda fica às margens do mar Vermelho e é a maior cidade portuária controlada pelos rebeldes houthis, apoiados pelo Irão.
Este ataque militar coordenado ocorre apenas uma semana depois de a Casa Branca e várias nações parceiras terem emitido um aviso final aos houthis para cessarem os ataques, sob pena de enfrentarem uma potencial ação militar.
O aviso parece ter tido pelo menos algum impacto de curta duração, já que os ataques pararam durante vários dias, mas na terça-feira, no entanto, os rebeldes houthis dispararam a sua maior vaga de ‘drones’ e mísseis contra navios no mar Vermelho, com navios norte-americanos e britânicos e caças norte-americanos a responderem e a abaterem 18 ‘drones’, dois mísseis de cruzeiro e um míssil anti-navio.
Já esta quinta-feira, os houthis dispararam um míssil balístico no golfo de Aden, que foi visto por um navio comercial, mas que não causou danos.
Os rebeldes, que realizaram 27 ataques envolvendo dezenas de ‘drones’ e mísseis desde 19 de novembro, garantiram na quinta-feira que qualquer ataque das forças americanas aos seus locais no Iémen desencadeará uma resposta militar feroz.
Os houthis alegam que os seus ataques visam parar a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza e reivindicam ataques contra alvos com ligação a Israel.
As principais companhias marítimas a nível mundial continuam a ajustar as suas rotas para evitar transitar por este trajeto marítimo, através do qual transita quase 15% do comércio marítimo global, incluindo 8% do comércio mundial de cereais, 12% do comércio petrolífero e 8% do comércio mundial de gás natural liquefeito.
A situação na região também se complicou na quinta-feira depois do anúncio do Irão sobre a captura de um petroleiro na costa de Omã, o que gerou especulações sobre a possibilidade de o Reino Unido e os Estados Unidos estarem a preparar-se para lançar ataques contra os houthis.
Segundo a Marinha iraniana, a apreensão de um “petroleiro americano” no mar de Omã foi uma ação em resposta à apreensão de petróleo bruto iraniano pelos Estados Unidos, no ano passado.
O Conselho de Segurança da ONU aprovou na quarta-feira uma resolução que exigia que os houthis cessassem imediatamente os ataques e condenasse implicitamente o seu fornecedor de armas, o Irão.
A participação do Reino Unido nos ataques demonstra o esforço da administração liderada por Joe Biden para utilizar uma ampla coligação internacional para combater os houthis, em vez de parecer que está a agir sozinho.
Mais de 20 nações já participam numa missão marítima liderada pelos EUA para aumentar a proteção dos navios no mar Vermelho.
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