A trégua entre Israel e Hamas foi prolongada por mais dois dias, de modo a se continuar a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinianos. Contudo, o Qatar alega que mais de 40 mulheres e crianças israelitas levadas para Gaza estão desaparecidas.
O primeiro-ministro e ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman al-Thani admite que saber o paradeiro de todos os reféns é crucial para o prolongar do cessar-fogo, mas que essas 40 pessoas podem nunca ser encontradas, uma vez que o Hamas relatou ao Qatar que estas pessoas foram capturadas por outros grupos militantes que aproveitaram o ataque de 7 de outubro para também capturarem reféns. O movimento Jihad Islâmica palestiniana, o segundo maior grupo armado de Gaza e rival do Hamas, deverá ter feito 30 reféns.
Para Hans-Jakob Schindler, diretor da organização não-governamental Counter Extremism Project, esta situação é “terrivelmente obscura”. Em entrevista à Sky News, explica o que o preocupa: “É importante notar que a Jihad Islâmica e o Hamas não têm uma relação de cooperação – na verdade são concorrentes. Portanto, não se sabe se o Hamas consegue levar a Jihad Islâmica a libertar reféns que possa ter.” Schindler destaca ainda que estes reféns podem, em vez disso, ter sido levados por outras organizações independentes que aproveitaram o ataque de 7 de outubro para objetivos próprios.
Apesar das informações transmitidas pelo Qatar após contacto com o Hamas, Schindler não descarta a hipótese de o grupo islâmico estar a mentir com o intuito de enganar Israel. Uma opção que também é colocada por Michael Clarke, analista de segurança e defesa. “O Hamas tem interesse em manter estas negociações por dois motivos. Primeiro, querem libertar palestinianos de prisões israelitas. Segundo, querem iniciar uma nova ofensiva contra Israel. Por isso, por um lado querem fazer jogos mentais, mas por outro não querem estragar as negociações”.
Schindler destaca ainda que é importante o Hamas continuar a troca de reféns por prisioneiros para manter a legitimidade junto ao povo de Gaza. “Esta é uma negociação em duas partes. Uma com Israel e outra interna – para mostrar à comunidade Palestina que tudo valeu a pena – Gaza destruída, palestinianos usados como escudos humanos. O Hamas quer tirar o máximo proveito desta situação de reféns – porque antes de 7 de outubro, 70% dos habitantes de Gaza diziam não gostar do Hamas e não creio que a situação vá melhorar muito.”