A trégua entre Israel e Hamas deverá terminar esta terça-feira, sendo que nos últimos dias se registou uma troca de reféns e prisioneiros entre os dois lados. Os registos dos reféns que saem da Faixa de Gaza estão a ser divulgados e celebrados, mas pouco se vê dos prisioneiros palestinianos que saíram das prisões israelitas.
Segundo a SkyNews, isso acontece porque as autoridades israelitas em Jerusalém não o permitem, alegadamente um método para que o lado palestiniano não seja o foco desta trégua temporária ou desta troca de reféns e prisioneiros.
O órgão de comunicação britânico esteve no terreno a acompanhar a libertação de prisioneiros palestinianos e tentou entrar em contacto com alguns, mas viu-se impedido pela polícia israelita que controlava a situação. Mais tarde, a Sky News conseguiu entrar em contacto com alguns jovens libertados graças ao acordo das tréguas. É o caso de Abu Ghannam, um jovem de 17 anos que regressou a casa, em Jerusalém, após cerca de um ano de detenção numa prisão israelita por ter atirado pedras contra um autocarro.
Ghannam relatou aos repórteres britânicos que o ambiente na prisão ficou mais pesado desde o dia 7 de outubro, data em que o Hamas iniciou ataques contra Israel. “Foi humilhante. Quando a guerra começou eles chegaram e agrediram-nos, tratavam-nos como cães”.
Shorouk Dwayatt, de 16 anos, também falou com a Sky News após ter sido libertada. Detida em 2015 por ter esfaqueado um israelita e por ter tentado ferir outro, foi acusada ainda de ter feito uma publicação no Facebook na qual afirmava que desejava tornar-se uma mártir. Contudo, a família alega que agiu em legítima defesa após um homem lhe ter arrancado o véu que usava e a tentado magoar.
A jovem corrobora as declarações de Ghannam sobre o aumento da tensão e violência dentro da prisão desde o dia 7 de outubro. “O meu maior medo é ser detida outra vez, pois já me ameaçaram com a possibilidade de invadirem a minha casa a qualquer momento”, confessa ela, que deseja tornar-se advogada para ajudar outros palestinianos.
Também Israa Jaabis estava detida desde 2015 e foi agora libertada. Tinha sido condenada a 11 anos de prisão por um ataque com bomba que feriu um polícia israelita e a deixou com queimaduras no rosto e mãos. “As mulheres que estão detidas estão numa situação muito má”, afirma Jaabis, acrescentando que as mulheres árabes que estão detidas têm dificuldades acrescidas dentro das prisões israelitas.
Segundo a Sky News, atualmente há cerca de 7 mil palestinianos detidos em prisões israelitas.