Após esta primeira visita ao estrangeiro desde o início da pandemia de covid-19, Xi Jinping seguiu para o Uzbequistão, onde participará numa cimeira dos líderes dos Estados-membros da Organização de Cooperação de Xangai e se reunirá, nomeadamente, com o Presidente russo, Vladimir Putin.
Ao desembarcar no aeroporto de Nursultan, Xi Jinping foi recebido pelo Presidente cazaque, Kassym-Jomart Tokaïev, ambos envergando máscaras no rosto, tal como as respetivas comitivas e a guarda de honra.
Segundo a estação de televisão pública chinesa CCTV, na reunião que mantiveram, Xi assegurou querer ajudar o Cazaquistão a “salvaguardar a sua independência nacional, a sua soberania e a sua integridade territorial”.
Estas declarações surgem quando a invasão russa em curso na Ucrânia, outra ex-república soviética, está a causar preocupação ao Cazaquistão quanto às ambições expansionistas russas, tanto mais que o país conta com uma substancial minoria étnica russa entre os seus habitantes.
Este aliado tradicional de Moscovo distanciou-se um pouco do Kremlin desde 24 de fevereiro, data em que teve início a ofensiva russa.
Xi Jinping prometeu também pronunciar-se “categoricamente contra a ingerência de quaisquer forças nos assuntos internos” do Cazaquistão, numa referência aos mortíferos tumultos que abalaram este país da Ásia central em janeiro e que as autoridades imputaram a países estrangeiros não-nomeados.
“Esta é a sua primeira viagem após a pandemia — é, por isso, uma visita de caráter histórico”, congratulou-se Tokaïev durante o encontro entre ambos, segundo um comunicado da Presidência cazaque que também refere que o seu titular saudou o “elevado nível de confiança mútua e de cooperação” entre a China e o Cazaquistão.
O Cazaquistão, tal como o Uzbequistão, faz parte da nova “Rota da Seda”, gigantesco projeto defendido pelo chefe de Estado chinês para reforçar as relações comerciais da China com o resto do mundo.
Na véspera desta deslocação, o líder chinês tinha também prometido “defender a segurança comum” com o Cazaquistão, num artigo para a imprensa cazaque divulgado na terça-feira pela televisão pública chinesa CCTV.
Segundo Xi Jinping, Pequim pretende cooperar com o Cazaquistão no combate ao tráfico de droga e ao crime organizado, bem como na luta contra os três “flagelos”, termo utilizado pela China para designar o terrorismo, o separatismo e o extremismo religioso.
O Governo chinês já utilizou esta fórmula para justificar a repressão exercida em Xinjiang, região chinesa fronteiriça com o Cazaquistão, sobre a população muçulmana uigur.
A China é acusada por países ocidentais e organizações de defesa dos direitos humanos de ter enclausurado mais de um milhão de uigures e de membros de outras minorias muçulmanas, incluindo cazaques, afirmando estar dessa forma a combater o terrorismo e a garantir o desenvolvimento da região.
Milhares de cazaques têm laços familiares com habitantes de Xinjiang, região onde os cazaques constituem a segunda maior população turcófona, a seguir aos uigures.
ANC // APN