O dinossauro, conhecido pelo seu nome científico ‘Mbiresaurus raathi’, foi encontrado em escavações que começaram em 2017 durante uma expedição ao remoto distrito norte de Mbire, no vale do Zambeze, no país africano, informou a equipa num comunicado enviado à agência Efe.
O nome da nova espécie incorpora a palavra Mbire, o distrito onde os restos mortais do animal foram descobertos, e presta homenagem ao paleontólogo Michael Raath, que publicou pela primeira vez estudos fósseis da área.
“Estes são definitivamente os dinossauros mais antigos conhecidos em África, cuja idade é equivalente aproximadamente aos dinossauros mais antigos encontrados em qualquer parte do mundo”, sublinhou a equipa de investigação, liderada pelo cientista norte-americano Christopher Griffin, da Universidade de Yale.
O dinossauro, cujo esqueleto está quase 90% intacto, é uma espécie de sauropodomorfo, que se ergueu em duas pernas, tinha entre um e 1,5 metros de altura, um pescoço longo e uma cabeça pequena.
“Faltam apenas alguns dos ossos principais da mão e partes do crânio”, explicaram os investigadores.
O dinossauro viveu durante o Triássico Final, há cerca de 230 milhões de anos.
Nessa altura, todos os continentes estavam unidos num único supercontinente, a Pangaea, que mais tarde começou a fragmentar-se em massas de terra separadas por oceanos.
O Zimbabué estava então no mesmo paralelo do norte da Argentina, sul do Brasil e Índia, assinalaram os cientistas.
Juntamente com o novo esqueleto de dinossauro, a equipa de investigação descobriu outros fósseis, incluindo antigos répteis conhecidos como rinossauros e os primeiros antepassados de mamíferos e crocodilos, conhecidos como cinodontes e etossauros, respetivamente.
O conjunto de restos é muito semelhante ao de fósseis que datam do mesmo período, descobertos em locais na Argentina, Brasil e Índia.
A equipa de investigação, cujos resultados foram publicados na revista científica Nature, espera descobrir mais fósseis no distrito de Mbire.
“Foi descoberto um número considerável de sítios de fósseis e será levada a cabo uma exploração maior”, sublinharam os cientistas.
Anusuya Chinsamy-Turan, um paleontólogo da Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, que não faz parte do estudo, considerou a descoberta do dinossauro como uma boa notícia para África.
“África tem ainda muitos mais dinossauros, que serão descobertos à medida que mais paleontólogos começarem a procurá-los”, afirmou à Efe.
O distrito de Mbire ocupa uma área onde a empresa australiana Invictus está a realizar grandes explorações de petróleo e gás.
Chinsamy-Turan explicou que as atividades mineiras podem, por vezes, ajudar a descobrir novos depósitos fósseis, mas espera que tenham sido tomadas precauções para proteger as riquezas pré-históricas da área.
“Espero sinceramente que tenham sido realizadas avaliações de impacto ambiental e paleontológico, e que existam acordos firmes para assegurar que a ecologia seja protegida e que quaisquer fósseis descobertos sejam devidamente escavados e levados para um museu para segurança e estudo”, acrescentou o paleontólogo.
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