Nas últimas semanas, os meios de comunicação social russos têm especulado sobre qual é o ministro que mais influencia o Presidente, Vladimir Putin, na crise ucraniana. A questão é séria e pertinente, embora os jornalistas a coloquem de forma irónica porque todos conhecem a resposta: Sergei. A dúvida é saber qual deles. Sergei Naryshkin, o ex-espião e ex-presidente da câmara baixa do Parlamento (Duma) que atualmente lidera os serviços secretos externos (SVR)? Sergei Lavrov, o mais conhecido diplomata do país, o carismático ministro dos Negócios Estrangeiros? Ou será Sergei Shoigu, o engenheiro civil que ganhou politicamente o título de general e é ministro da Defesa há quase uma década? A acreditar nos média russos e nos kremlinólogos só uma personalidade sabe qual destes indivíduos tem maior ascendência sobre o Chefe de Estado, o próprio Vladimir Putin.
Na última segunda-feira, 14, o Presidente reuniu com os três e dois deles, Lavrov e Shoigu, tiveram até direito a uma cuidada encenação que acabaria depois retransmitida pelas televisões de todo o mundo. Os encontros tinham por objetivo reforçar a narrativa de que o governo de Moscovo ainda acredita na paz e no diálogo, enquanto mantém 130 mil militares junto às fronteiras da Ucrânia. Além de manter as distâncias e o ritual de aparecer na extremidade de diferentes e longas mesas – será por receio da Covid-19? –, Vladimir Putin quis ouvir as opiniões dos seus colaboradores sobre as “garantias de segurança” que a Rússia exige ao Ocidente e o fim da expansão da NATO para Leste. O chefe da diplomacia argumentou que se justificava manter as negociações com os Estados Unidos da América e respetivos aliados, apesar do impasse registado nos últimos dois meses, com a Aliança Atlântica a rejeitar genericamente as reivindicações russas por considerar que isso iria violar a soberania dos estados envolvidos – em particular os que foram satélites soviéticos e membros do extinto Pacto de Varsóvia. “Nós já avisámos mais do que uma vez que não permitiremos negociações intermináveis que exigem uma solução imediata”, afirmou Lavrov, perante a postura altiva e silenciosa do seu interlocutor. Algo de semelhante se passou com Shoigu, com este a informar o Comandante Supremo que os exercícios militares conjuntos com a Bielorrúsia estavam “praticamente concluídos”.
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