NASA apresenta novo plano para prolongar a atividade da Estação Espacial Internacional até 2031. Plano conta com a colisão da estrutura num ponto do Oceano Pacífico conhecido como “cemitério das naves”, marcando assim o fim das suas operações.
NASA atualizou os seus planos para a Estação Espacial Internacional (EEI) após o compromisso da administração Biden-Harris de estender as operações da EEI até 2031. Nessa altura, será retirada de órbitra, regressando à Terra, com destino a um local remoto do Oceano Pacífico.
A sua viagem de volta será feita de forma gradual, reduzindo, aos poucos, a altitude, atualmente nos 408km acima do solo, até esta ser puxada pela atmosfera da Terra e colidir no local previsto.
Lançada em 1998, a EEI foi inicialmente projetada para durar apenas 15 anos e contará, no momento em que cessar operações, com 30 anos de atividade. A NASA já veio garantir que a estrutura é segura até à data de janeiro de 2031. “Com base na análise de saúde estrutural da ISS, há grande confiança de que sua vida pode ser estendida até 2030”, escreveu a NASA num relatório.
De acordo com a agência, a vida útil da EEI depende da sua estrutura primária enquanto que “outros sistemas, como energia, controle ambiental e suporte à vida, são reparáveis e substituíveis em órbita”. Ainda assim, o laboratório espacial de 24 anos vai sendo afetado pela troca de peças e, segundo o relatório, 2031 é a data limite.
Até ao momento atual, a EEI já conta com aproximadamente 365 km náuticos de órbitra e a presença de 200 astronautas de 19 países diferentes na sua estrutura.
“A Estação Espacial Internacional é um farol de colaboração científica internacional pacífica e por mais de 20 anos retornou enormes desenvolvimentos científicos, educacionais e tecnológicos para beneficiar a humanidade. Estou satisfeito que a administração Biden-Harris se tenha comprometido a continuar as operações da estação até 2030”, disse o administrador da NASA, Bill Nelson.
O fim de três décadas de missões
No Relatório de Transição da Estação Espacial Internacional, a NASA explicou as etapas necessárias para cessar as atividades da EEI e retirá-la de órbitra. O plano seria despenhar a estrutura num ponto concreto do Oceano Pacífico que corresponde ao local mais distante de qualquer ponto de terra ou habitat humano no mundo, razão pela qual é o destino de várias naves espaciais desativadas, garantindo-lhe a alcunha de “cemitério das naves”.
Mais comumente, o local escolhido pela NASA para a EEI, é conhecido como “Point Nemo” em homenagem ao marinheiro do romance “Vinte Mil Léguas Submarinas”, de Júlio Verne.
A área fica a mais de 4 mil km da costa leste da Nova Zelândia e a cerca de 3 mil km a norte da Antártida. Estima-se que nações com presença espacial como é o caso dos EUA, Rússia, Japão e países europeus tenham afundado neste local mais de 263 detritos espaciais desde 1971.
A entrada da EEI na atmosfera irá envolver a colaboração de outras naves espaciais sem tripulação, cujo papel será o de empurrar a estrutura em direção à Terra numa manobra que terá a garantia de uma “entrada atmosférica segura”, de acordo com o relatório da NASA. A agência já expressou acreditar que este trabalho possa ser feito por três naves espaciais Russas Progress e uma nave espacial Northrop Grumman Cygnus.
À medida que a nave entra na atmosfera alguns detritos serão queimados por conta do atrito enquanto que a restante estrutura e os detritos não queimados avançarão para o seu destino final. Este, escolhido exatamente por ser distante dos continentes, permite evitar que a queda da EEI cause algum tipo de dano em Terra.
Planos para a última década e o que vem depois
Para os últimos oito anos da EEI, a NASA reserva grandes planos. “A participação contínua dos Estados Unidos na ISS aumentará a inovação e a competitividade, além de avançar na pesquisa e tecnologia necessárias para enviar a primeira mulher e a primeira pessoa de cor à Lua sob o programa Artemis da NASA e preparar o caminho para o envio dos primeiros humanos a Marte. À medida que mais e mais nações estão ativas no espaço”, declara Nelson.
Robyn Gates, diretora da Estação Espacial Internacional na sede da NASA, acrescenta em comunicado “A Estação Espacial Internacional está a entrar na sua terceira e mais produtiva década como uma plataforma científica inovadora em microgravidade”.
“Esta terceira década é um dos resultados, com base em nossa parceria global bem-sucedida para verificar as tecnologias de exploração e pesquisa humana para apoiar a exploração do espaço profundo, continuar a devolver benefícios médicos e ambientais à humanidade e lançar as bases para um futuro comercial”, refere a diretora.
De facto, o futuro depois da EEI já tem muito em vista. A partir de 2031, a NASA planeia lançar plataformas espaciais operadas comercialmente que se possam assumir como locais de colaboração e pesquisa científica, tal como o foi a própria EEI, tendo, para isso, desenvolvido um plano de transição.
“O setor privado é técnica e financeiramente capaz de desenvolver e operar destinos comerciais de órbita baixa da Terra, com a assistência da NASA.”, garantiu Phil McAlister, diretor de espaço comercial da sede da NASA num comunicado.
“O relatório que entregamos ao Congresso descreve, em detalhes, nosso plano abrangente para garantir uma transição suave para destinos comerciais após a aposentadoria da Estação Espacial Internacional em 2030”, acrescentou.
Os planos da NASA incluem comprar espaço para pelo menos dois astronautas numa estação espacial comercial antes de 2031, enquanto a EEI ainda estiver operacional.
Várias empresas já partilharam a vontade de operar uma estação comercial, incluindo a Axiom Space, a Blue Origin de Jeff Bezos e a Northrup Grumman.
Até lá, a EEI continua a ser casa para muitas experiências, sendo responsável pela utilização de 50% dos recursos da NASA, segundo o relatório Estação Espacial Internacional Benefícios para a Humanidade” . “A extensão das operações até 2030 continuará a devolver esses benefícios aos Estados Unidos e à humanidade como um todo”, garantiu a agência.
A China, cujos astronautas já não colaboram com a EEI, lançou o primeiro módulo da sua estação espacial, que se espera que esteja totalmente operacional até o final deste ano.
A Rússia já anunciou que deixará o projeto da EEI em 2025 e planeia construir também a sua estação espacial, que pode vir a ser lançada em 2030.