O deputado de extrema-direita Thierry Baudet foi considerado culpado na quarta-feira, depois de ter publicado tweets onde afirmava que os não vacinados eram os “novos judeus” e “aqueles que desviam os olhares das exclusões” eram os “novos nazis”.
Foram alguns os tweets em que Baudet associou as medidas restritivas do governo holandês para combater a pandemia da Covid-19 ao Holocausto, o que levou grupos judeus e sobreviventes do Holocausto a avançarem com uma ação legal num tribunal em Amesterdão contra o fundador e líder do “Forum for Democracy” (FvD), pedindo que as publicações fossem removidas. O grupo descreveu-as como “ofensivas e desnecessariamente dolorosas para com as vítimas do Holocausto, sobreviventes e familiares”.
Noutra publicação, o deputado colocou duas fotografias lado a lado de uma criança impedida de ir à celebração de St. Nicholas, um evento popular entre as crianças dos Países Baixos, e de um rapaz de Lodz — um ghetto e antiga zona de guerra na Polónia — a usar uma estrela da David, antes de ser deportado. Além disso, divulgou também uma fotografia de um campo de concentração com o comentário: “Como é que é possível não ver como a história se repete?”.
O tribunal ordenou assim que Baudet apague os quatro tweets em 48 horas. Se não o fizer, será multado em 25 mil euros por cada dia que as publicações permaneçam online. Também foi proibido de voltar a publicar qualquer imagem que relacione o coronavírus ao Holocausto.
“A comparação feita nas publicações contestadas vai para além do que pode ser justificado como interesse para um debate público robusto”, citou o juíz (o nome não foi revelado), que ainda acrescentou: “Ao igualar nas mensagens, sem qualquer distinção, a situação das pessoas não vacinadas com a fé dos judeus nos anos 30 e 40, está a fazer uma comparação factualmente errada e de uso inapropriado. Noutras palavras, instrumentalizou o sofrimento humano dos judeus no Holocausto e as suas memórias”.
Numa reação no Twitter, Baudet classificou o julgamento como “insano e incompreensível. Estamos zangados(…) E claro que vamos recorrer”, disse. Os grupos judeus saudaram a sentença do tribunal.