A barba é para deixar crescer. Cortá-la ou apará-la passa a ser crime na província do Afeganistão de Helmand, determinaram o governo e o departamento da virtude da região. Desde que o novo regime talibã voltou ao poder, em meados de agosto, com a promessa de posições mais moderadas na hora de impor a Lei Islâmica, sucedem-se os sinais contraditórios, que têm nas mulheres e nas crianças as principais vítimas mas não as únicas. Agora são os homens que vão ser proibidos de fazer a barba, um hábito que foram aprimorando nos últimos 20 anos.
“Se alguém violar a regra, será punido e não terá direito a queixar-se”, lê-se na nova legislação dedicada aos barbeiros, que ficam assim impedidos de realizar uma boa parte da sua atividade. “Solicito aos nossos irmãos talibãs que deem liberdade às pessoas para viverem como quiserem, se quiserem aparar a barba ou o cabelo”, declarou um barbeiro à agência Associated Press. “Agora temos poucos clientes, têm medo, por isso peço que deixem as pessoas ser livres, para que possamos ter o nosso negócio e os clientes possam vir livremente”, acrescentou.
Apesar de a nova lei referir taxativamente que os infratores não poderão queixar-se das consequências, estas não aparecem discriminadas. Essa omissão é suficiente para provocar o medo. Na semana passada, os talibãs enforcaram na praça pública os alegados responsáveis por um sequestro, e o ministro das Prisões, o mulá Nooruddin Turabi, já disse que “cortar mãos é muito necessário para a segurança”, o que afasta cada vez mais os talibãs da ideia de um regresso ao poder mais moderado. Ao mesmo tempo, vão sendo conhecidas mais medidas restritivas dos direitos das mulheres. A mais recente proíbe as adolescentes de frequentarem o ensino secundário.