Os avisos começaram a ser enviados no dia 21 de janeiro pelos satélites, e esta sexta-feira as imagens já fazem prever o pior. O centro de Moçambique está novamente na mira de um ciclone, que deve tocar terra entre a noite desta sexta-feira, 22 de janeiro, e o dia de amanhã. Milhares de pessoas estão em risco, numa altura em que os efeitos do ciclone Idai, que há dois anos devastou a região, continuam a não estar totalmente resolvidos.
As autoridades municipais libertaram um aviso ao início do dia a avisar que “a cidade da Beira esta a receber águas vindas do continente em direção ao mar, que está a provocar enchentes nas zonas de Mungassa, Ndunda e Nhangau” e a pedir que se afastem de algumas vias concretas que já estão totalmente submersas.
No mesmo sentido, a Cornelder, entidade que gere o porto da Beira, pediu a todos os navios de dimensão que abandonassem o porto, de forma a tentar mitigar os efeitos da Eloise, que ainda é uma tempestade tropical, mas que deverá transformar-se em ciclone tropical à chegada à costa moçambicana. E se este cenário lhe parece repetido, é porque é: foi mais ou menos assim que se formou o Idai, em março do ano passado, e precisamente na mesma zona central daquele país. Os últimos dados libertados revelavam que se espera que a tempestade entre em território moçambicano com ventos entre os 150km/h e os 170km/h e afete as províncias de Inhambane, Gaza, Maputo e Sofala.
Numa altura em que os terrenos já estão significativamente alagados devido às chuvas dos últimos dias, teme-se que as cheias sejam particularmente destrutivas, com os rios Buzi e Pungoe já em níveis elevados de caudal. Recorde-se ainda que milhares de pessoas continuam a viver em campos de reassentamento, nunca tendo voltado a ter um terreno ou uma casa seus depois de o ciclone Idai ter matado mais de 600 pessoas e deixado centenas de milhar sem nada.
As autoridades começam já a evacuar a população das zonas mais afetadas. No terreno, sabe a Visão, várias organizações não-governamentais começam já a preparar eventuais missões de emergência.
À VISÃO têm entretanto chegado várias imagens registadas pelo grupo de ajuda humanitária ‘Rescue Beira’, que revelam já a intensidade das cheias e antecipam mais uma tragédia num país que ainda não deixou de ser fustigado por catástrofes naturais, a que se somam os ataques de insurgentes em Cabo Delgado e, naturalmente, a pandemia provocada pelo SARS-COV-2.