A História sempre afirmou que, entre tantas virtudes, os romanos gostavam de ser grandes anfitriões. Os banquetes eram importantes momentos sociais para a classe alta e, pelos salões, estendiam-se mesas de comida, doces e salgados. “Comer era o ato supremo da civilização e da celebração da vida”, diz Alberto Jori, professor de Filosofia Antiga na Universidade de Ferrara, na Itália, à CNN. Mas para aguentar tanta comida, havia práticas que não seriam bem vistas nos tempos modernos.
A diversidade gastronómica e as longas horas de degustação levaram os membros desta civilização a adotar estratégias para acomodar mais e mais comida no estômago. “Eles tinham hábitos culinários bizarros que não combinavam com a etiqueta moderna, como comer deitado e vomitar entre os pratos”, explica Jori. No que toca à gastronomia, os romanos também não eram exemplo – não tinham problemas em juntar doces e salgados. A lagane, por exemplo, era uma massa rústica servida com grão de bico, mas também era usada para fazer um bolo de mel com ricota fresca.
“Dado que os banquetes eram um símbolo de estatuto e duravam pela noite adentro, o vómito era uma prática comum necessária para abrir espaço no estômago para mais comida”, explica à mesma cadeia jornalística. Segundo a história, os convidados estimulavam a vontade de regurgitar através de cócegas na nuca com uma pena. A limpeza ficava a cargo dos escravos. “Os antigos romanos eram hedonistas e procuravam os prazeres da vida.”
Comer deitado, numa espreguiçadeira acolchoada, também era uma prática comum e importante naquele tempo. Além da simbologia elitista, acreditava-se que a posição ajudava na digestão e diminuía o tamanho da barriga. “Os romanos comiam deitados de barriga para baixo para que o peso do corpo fosse distribuído por igual e os ajudasse a relaxar”, explica o professor de Filosofia Antiga. Estar deitado permitia também dormir entre as refeições.
Essa posição, no entanto, era apenas reservada aos homens – as mulheres comiam noutra mesa ou ajoelhadas. “A posição horizontal de alimentação dos homens era um símbolo de domínio sobre as mulheres. As mulheres romanas estabeleceram o direito de comer com os seus maridos num estágio muito posterior da história da Roma Antiga e foi a sua primeira conquista social e vitória contra a discriminação sexual.”
Nestes jantares, as superstições também eram levadas a sério. Derrubar o sal é um mau presságio ainda nos tempos modernos, mas havia outros receios a marcar a vida romana: não se podia apanhar comida que caísse da mesa e, se um galo cantasse a uma hora incomum, seria abatido e comido. Como a morte sempre foi vista como misteriosa e enigmática ao longo dos tempos, os convidados reservavam o final das refeições para discutir o tema, sempre com vinho sobre a mesa.