Um novo estudo, publicado esta quinta-feira na revista Scientific Reports, revela que os neandertais tinham polegares mais grossos e com um ângulo mais amplo do que os humanos modernos. “Se se apertasse a mão de um neandertal, notar-se-ia essa diferença”, diz Ameline Bardo, pesquisadora Escola de Antropologia e Conservação da Universidade de Kent, no Reino Unido, e investigadora principal do estudo. A diferença permitiu que estes antepassados manuseassem melhor as ferramentas da época.
“Muitas pesquisas têm debatido as habilidades tecnológicas dos neandertais (Homo neanderthalensis) em relação às dos primeiros humanos modernos (Homo sapiens), com um foco particular nas diferenças subtis na morfologia do polegar e como isso pode refletir diferenças nos comportamentos manipulativos nessas duas espécies”, começa por explicar Bardo. Agora, o estudo revela que a diferente morfologia permitia agarrar melhor as ferramentas, como lanças, devido à fácil adaptação destes indivíduos às chamadas “alças de aperto”, como quando pegamos em martelos, por exemplo.
Para chegar aos resultados, a equipa de investigação mapeou de forma 3D as articulações entre os ossos responsáveis pelo movimento do polegar. A partir daqui, analisaram e compararam cinco indivíduos neandertais com cerca de 40 adultos recentes. “O nosso estudo é novo ao observar como a variação nas formas e orientações dos diferentes ossos e articulações se relacionam cada um entre si”. Isto permitiu perceber que “a articulação da base do polegar dos fósseis neandertais é mais plana, com uma superfície de contacto menor entre os ossos e mais adequada para um polegar estendido posicionado ao lado da mão”, explicou Bardo à CNN.
“A anatomia da mão e o registo arqueológico deixam bastante claro que os neandertais eram utilizadores de ferramentas muito inteligentes e sofisticados”, continua. “A comparação da morfologia fóssil entre as mãos dos neandertais e dos humanos modernos pode fornecer mais informações sobre o comportamento dos nossos parentes ancestrais e o uso inicial de ferramentas”, conclui Bardo sobre a necessidade de se estudar mais aprofundadamente a anatomia dos antepassados.