São às dezenas, estão reunidos à porta do tribunal de Old Bailey, em Londres, e erguem os mais diversos cartazes de apoio ao ativista australiano. No dia em que começam as audiências para evitar a sua extradição, espera-se a primeira aparição pública de Julian Assange em vários meses. Tudo para conseguir evitar a extradição para os EUA, onde é chamado a enfrentar acusações criminosas pelas atividades do site WikiLeaks. Mais concretamente, é acusado de uma conspiração para invadir tecnologia do governo dos EUA e ainda violar uma lei de espionagem.
Foi em 2012 que a WikiLeaks ganhou destaque internacional depois de Assange, 49 anos, partilhar documentos confidenciais sobre a atividade militar americana no Iraque e no Afeganistão. Logo nesse ano, Julian Assange pediu asilo à embaixada do Equador em Londres, onde passou quase 7 anos. Até que, em 2019, acabou detido pelas autoridades britânicas e foi transferido para uma prisão de alta-segurança. Agora, passados 10 anos, enfrenta o início da última fase do julgamento. Caso seja extraditado para os EUA, terá de enfrentar uma sentença que pode ascender até aos 175 anos de prisão.
Crime, diz o governo dos EUA
Na perspetiva do governo americano, ao partilhar documentos confidenciais, Assange violou a lei e colocou as vidas de pessoas envolvidas em perigo. “Não, não é um jornalista de investigação, mas sim um hacker sem escrúpulos que conspirou para publicar documentos confidenciais roubados”, sublinha o advogado dos EUA.
Já a defesa do australiano alega que a acusação é “puramente política”, tendo em conta as revelações da WikiLeaks sobre o governo americano. “Este é um caso de direitos humanos básicos e liberdade de expressão”, sublinha a advogada de Assange. E remata que “aqueles que expõe atividades ilegais de governos e empresas devem estar protegidos deste tipo de acusações”.