Shamima Begum, atualmente com 20 anos, é uma estudante que deixou o Reino Unido em 2015. Na altura com 15 anos, rumou em direção à Síria, de forma voluntária, com o objetivo de se juntar ao Estado Islâmico. Em fevereiro do ano passado, após ter sido encontrada por um grupo de jornalistas no campo de refugiados de Al-Hawl na Síria, a cidadania britânica foi-lhe retirada.
Na época, Begum tinha a ideia de regressar ao Reino Unido, sempre na esperança que o país a aceitasse de volta e lá criar o seu filho. “Eu só quero o perdão do Reino Unido”, disse a jovem em entrevista à BBC, no ano passado. Acrescentou, ainda, que “o campo de refugiados não é o local indicado para criar um bebé”. No entanto, em março, acabou por perder o terceiro filho cujo pai era um jihadista holandês com quem estava casada.
Agora, e após ter sido constantemente impedida de regressar ao Reino Unido, o Tribunal de Recurso britânico e o Ministério do Interior concordaram que ela deve poder voltar a fim de ter um julgamento e contestar a perda da nacionalidade.
Atualmente, a jovem encontra-se a viver no campo de refugiados de Roj, no norte da Síria e, então, o mais difícil será o governo encontrar uma forma de ela entrar no Reino Unido sem restrições. Assim sendo, o processo demorará algum tempo.
Sajid Javid, ex-secretário do Interior e responsável pela anulação do passaporte de Begum, publicou um comunicado no Twitter no qual afirma estar “profundamente preocupado com o julgamento”. Acrescenta que “esta não é unicamente uma questão de justiça. É também uma questão de segurança nacional”, pode ler-se na publicação.
Após a decisão de avançar com o julgamento, Daniel Furner, procurador de Shamima Begum, disse em comunicado que a jovem “não tem medo de encarar a justiça” até porque “nunca teve a oportunidade de contar a sua versão da história”.
A questão da segurança nacional é algo que preocupa os membros do governo. James Slack, porta-voz oficial do primeiro-ministro britânico Boris Johnson, disse em comunicado que as decisões relativas ao caso de Begum não foram “tomadas de ânimo leve”. Acrescenta, ainda, que o governo tem como objetivo “garantir a segurança do Reino Unido e não permitirá que nada prejudique isso”.