Reconhecemos, entre os 100 mais escolhidos pela TIME em 2019, uma série de figuras que, diariamente, encabeçam manchetes de jornais em todo o mundo. Lá estão Mark Zuckerberg e Jacinta Arden, Lady Gaga e o Papa Francisco, Matteo Salvini e Donald Trump. Mas o que mais sobressai na lista deste ano é que, pela primeira vez, quase metade das escolhidas são mulheres – 48, contra as 45 do ano passado, um número bem distante das 24 escolhidas há 15 anos, quando esta publicação se tornou um evento anual para distinguir quem anda a mudar o mundo à nossa volta, independentemente dos efeitos das suas ações.
E isto percebe-se só de olhar para os rostos que encabeçam esta lista. Afinal, são dois homens e quatro mulheres que figuram nas seis capas sobre o assunto. São gente do cinema e da televisão – como o ator Dwayne Johnson, conhecido também como The Rock, e a atriz Sandra Oh, sobejamente conhecida pelo papel em Anatomia de Grey e que este ano viu o reconhecimento com um globo de ouro por Killing Eve); da música (como a cantora Taylor Swift), mas também do mundo do futebol (como o jogador Mohamed Salah). Há apenas um nome em destaque da política (a congressista americana Nancy Pelosi) e outro do jornalismo (a pivot Gayle King).
As razões para esta escolha, essas, são também assinadas por gente de renome. Por exemplo: “Quem o conhece sabe que, para ele, o céu é o limite”, escreve a atriz Gal Gadot sobre Dwayne, a assinalar que ele faz tudo para que quem está à volta se sinta bem. Já Sandra Oh, aponta a argumentista e produtora Shonda Rhimes, é uma virtuosa.
Taylor Swift, que já teve honras de capa na revista por três vezes, também volta a estar nos primeiros lugares e razões para isso não parecem faltar, como sublinha o cantor canadiano Shawn Mendes, que se assume seu fã desde sempre. “Ela faz qualquer um sentir-se mais novo e capaz de fazer seja o que for”, elogia.
Segue-se Mohammed Salah, o extremo-direito egípcio que joga ao serviço do Liverpool, eleito jogador do ano da Liga Inglesa no ano passado, e que esta semana se tornou um bocadinho mais conhecido dos portugueses, por ter concretizado um dos golos da sua equipa frente ao FC Porto, eliminando-o da Champions. Mas não é nada disso que John Oliver, o ator e apresentador do programa de sátira política Last Week Tonight, salienta – “Ele é melhor ser humano do que jogador de futebol” – antes de rematar que “joga com uma alegria contagiante.”
Em destaque está ainda Gayle King, pivot do programa da manhã da CBS, posição que ocupa desde a sua estreia, em 2012, e também editora-executiva de O, a revista de Oprah. As palavras que a descrevem são da realizadora Ava Duvernay: “O que a maioria das pessoas não compreende é que esta sua capacidade de estar próxima das pessoas é uma das melhores qualidades que um jornalista pode ter”.
Por fim, a única política do topo da lista, Nancy Pelosi, uma democrata que já fez história por, aos 47 anos, ter deixado de ser uma dona de casa em São Francisco e agora, aos 79, se ter tornado na mulher mais poderosa da política na América. Sobre a incontornável e incombustível líder do Partido Democrata no Congresso dos EUA, escreve Hillary Clinton, que remata as suas 200 palavras sobre Pelosi assim: “Há um ditado que diz: ‘Se quiser que algo seja feito, peça a uma mulher atarefada para o fazer ‘. Nancy é a prova viva disso.”
Publicada anualmente desde 2004, a lista dos 100 mais influentes do ano da TIME é geralmente dividida por categorias, variáveis ao longo dos anos – entre artistas e heróis, líderes, ícones ou titãs. A pessoa que mais aparece desde sempre é Barack Obama, nomeado onze vezes. Já Hillary e Oprah batem o recorde entre as mulheres: foram escolhidas dez vezes.
É também uma lista cuja média de idades tem vindo a descer, gradualmente. No ano passado, já quase metade tinha menos de 40 anos – elegendo-se a mais nova de sempre: Millie Bobby Brown, atriz-estrela da Netflix e protagonista de Stranger Things, com apenas 14 anos.
Antes dela, já tinha constado dessa listagem, e por três vezes, a jovem paquistanesa e mais nova Nobel da Paz, Malala Yousafzai. Este ano, a mais nova é a adolescente sueca Greta Thunberg, que, aos 16 anos, já foi eleita pessoa do ano no seu país e também está também na corrida ao Nobel, depois de ter inspirado um movimento global de luta às alterações climáticas, e de ter convencido estudantes do mundo inteiro a aderir a uma greve para salvar o planeta.
Sobre Greta escreve Emma González, cofundadora do March of Our Lives, um movimento estudantil americano que pede medidas mais rígidas para o uso de armas, e que ganhou vida depois de mais um massacre numa escola nos EUA, no ano passado. “Ela diz que não podemos salvar o mundo seguindo as regras, porque as regras precisam ser alteradas e a onda que criou é uma inspiração.” Ainda esta semana, Greta Thunberg disse exatamente isto no Parlamento Europeu – repetindo o feito da Cimeira do Clima, na Polónia, em dezembro, e do Fórum Económico Mundial, em Davos, em janeiro,
Há ainda outros pormenores bem reveladores dos sinais dos tempos em que vivemos: afinal, é uma lista que em 2004 incluía Lula da Silva e que este ano tem, no mesmo cargo mas do extremo ideológico oposto, Jair Bolsonaro.
Last, but not the least, veja-se como os eleitos estão arrumados em categorias. Por exemplo, Sandra Oh lidera o grupo dos Pioneiros, enquanto Dwayne Jackson a dos Artistas – mas já Taylor Swift está à cabeça da classe dos Ícones. Pelosi está no topo dos Líderes, claro, enquanto Gayle King e Salah encabeçam, também se compreende, a dos Titãs.