Num comunicado libertado pelo governo moçambicano na quitna-feira, 21, o Executivo de Filipe Nyusi dá conta de que a região de Manica já assiste a uma redução do nível das águas, o que tem permitido a algumas comunidades voltar às suas atividades diárias. “A ligeira redução que se regista nos níveis hidrométricos dos caudais dos rios Lucite e Revue, no distrito de Sussundenga, está a reduzir a vulnerabilidade da população que estava sitiada”, referiu aos jornalistas presentes no Chimoio, província de Sofala. Foi nesta região que foram registados os desaparecimentos de 30 portugueses, dos quais até agora não há qualquer notícia.
Entretanto, a chuva continua a não dar tréguas na Beira, onde trovoadas ainda são esperadas durante o dia de hoje e de amanhã, embora com uma redução da intensidade das chuvas, segundo as previsões meteorológicas.
As inundações e a saturação dos solos está a obrigar as populações a improvisar o tratamento dos corpos que entretanto vão sendo resgatados, mas as condições climatéricas dificultam os enterros, segundo contam portugueses residentes em Moçambique à VISÃO. São feitas macas com canas, e as capulanas, os tecidos tradicionais utilizados geralmente como vestuário, são usados como lençóis para tapar os cadáveres.
Entretanto, as ajudas internacionais continuam a dirigir-se para a região, enquanto as autoridades avisam que toda a ajuda é insuficiente. Portugal enviou ontem um primeiro avião C-130 da Força Aérea Portuguesa, no qual seguiu uma equipa de intervenção rápida para ajudar no terreno. Está prevista a partida de uma segunda aeronave durante o dia de hoje, com mais militares e outros profissionais a bordo.
O número oficial de vítimas mortais ainda não não foi atualizado pelas autoridades moçambicanas, e até agora não há registo de que as descargas das barragens, previstas por especialistas e autoridades, tenham acontecido. O cenário, que está em cima da mesa no caso de o nível das águas continuar a aumentar, poderá agravar ainda mais o estado de vulnerabilidade das populações do centro de Moçambique.