É uma das jóias da coroa e indissociável da imagem de Marraquexe e de Marrocos. O Hotel La Mamounia tem uma lista invejável de prémios e, já este ano, foi considerado pelos leitores da revista Condé Nast Traveler o melhor do mundo com uma espantosa pontuação de 99,77%. Perfeito, pois então. Refira-se que o galardão Condé Nast Traveler’s Choice é o mais prestigiado da indústria hoteleira de luxo e é mundialmente conhecido como “o melhor dos melhores”.
Então, porque é que o Governo marroquino o pôs na lista de privatizações para 2019? Porque, justificam, “o La Mamounia é vítima do seu próprio sucesso”. “Todas as delegações oficiais que visitam Marrocos querem ficar lá instaladas, de preferência de graça, e isso tornou o déficit do hotel muito pesado de suportar”, acrescentou o porta-voz do Executivo.
Em Marraquexe a notícia caiu de chofre. Teme-se que o palácio – mandado construir no séc. XVIII –, ponto de passagem para os turistas, mesmo para os que não podem lá dormir devido aos preços, vá parar às mãos dos magnatas dos petro-dólares do Médio Oriente e que, depois, perca a sua identidade. Um dos pontos de discussão dos marroquinos é que não se pode capitalizar um edifício histórico como o Mamounia para criar cadeias internacionais com este nome.
Não se sabe, ainda, se a privatização será total ou parcial, mas calcula-se em 400 milhões de euros o valor que o Estado pode vir a encaixar.
Desde 1993 que Marrocos tem em marcha um plano de privatizações que, segundo contas locais, já terá rendido cerca de 10 mil milhões de euros.
O palácio foi transformado em hotel em 1922 e, desde então, os 200 quartos receberam figuras como Winston Churchill, Ronald Reagan, Jacques Chirac, Orson Wells, Édith Piáf, Nelson Mandela, os Rolling Stones ou Elton John, entre muitos outros.
Em 2006 fechou para obras e reabriu em todo o seu esplendor passados três anos.