
Esta imagem de um peluche faz parte do ensaio fotográfico de Tom Kiefer sobre os pertences que são confiscados aos imigrantes e aos filhos que entram de forma iliegal nos EUA a partir da fronteira com o México
Tom Kiefer
Tirar um brinquedo a uma criança, ainda por cima quando se fala de migrantes, é sinónimo de crueldade, falta de humanidade e compaixão.
É exatamente isto que é feito às crianças que atravessam a fronteira entre os EUA e o México de forma ilegal. A situação não é de hoje, nem são apenas as crianças que são despojadas dos seus pertences, mas a maldade de tirar um brinquedo preferido a um menino ou menina num situação de enorme fragilidade é perturbante.
Numa altura em que mais filhos menores de imigrantes ilegais que entram nos EUA são retirados dos pais e postos em jaulas, vale a pena recordar ver o que o fotógrafo americano Tom Kiefer registou durante anos, como conta o jornal americano online Huffington Post.
Entre 2003 e 2014 Tom Kiefer trabalhou como porteiro na Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, na sigla em inglês), junto à fronteira do México com os EUA. Era um trabalho em part-time que lhe permitia fazer o que mais gosta, fotografar. A determinada altura viu agentes a atirar para o lixo várias coisas que foram retiradas aos imigrantes aquando da sua detenção – para além da roupa do corpo e de um casaco ou manta, caso seja inverno, não podem ficar com nada que seja considerado “não essencial ou potencialmente letal”.
Tom viu várias latas de comida intactas e pediu autorização para as levar para doação a instituições, o que lhe foi concedido. Foi nessa procura pelas latas que viu que tudo era tirado aos imigrantes. Começou, assim, a apanhar também esses objetos e a fotografá-los. Lá estão tubos de pasta de dentes, sabonetes, carteiras, garrafas de água, escovas de cabelo, terços, Bíblias, chocolates, bolachas e outros artigos de que, também fazem parte os brinquedos.

Escovas de dentes e tudos de pasta retirados aos imigrantes ilegais e deitados fora
Tom Kiefer
Juntou as imagens e fez um ensaio fotográfico a que deu o nome de “El Sueño Americano – The American Dream” que pode ser vista no seu site e no Instagram.
“É uma brutalidade. É desumano. É algo que se lê nos livros de História. A primeira coisa que vem à memória é a Alemanha [Holocausto]. É simplesmente bárbaro”, referiu o fotógrafo ao jornal online.