Alain Juppé, presentemente a figura política melhor posicionada para ser o próximo presidente de França, quer a renegociação completa do chamado Tratado de Touquet, ao abrigo do qual os controlos fronteiriços entre os dois países se situam em Calais, no fado francês do Canal da Mancha, escreve o jornal britânico Guardian.
Na quinta-feira, 20, durante um encontro com jornalistas de vários países europeus, Juppé foi taxativo. “Não podemos tolerar mais o que se passa em Calais. Dá uma imagem desastrosa do nosso país e há também consequências económicas e de segurança para a população de Calais.”
“A primeira coisa a fazer é denunciar os acordos de Le Touquet. Não podemos aceitar selecionar, em território francês, as pessoas que o Reino Unido quer ou não quer. Tem de ser o Reino Unido a fazer esse trabalho.”
O antigo primeiro-ministro disse ainda não ter medo da forte oposição dos britânicos a alterações ao acordo. “Não me digam que isso é difícil porque os britânicos não querem. Se entrássemos sempre com esse espírito nas negociações internacionais, nunca haveria quaisquer negociações”, sublinhou, acrescentou que o debate tem de ser lançado para se chegar a um novo acordo com o país vizinho.
Ao abrigo do acordo que o ainda pré-candidato dos conservadores do Partido os Republicanos quer denunciar, a polícia britânica procede ao controlo das suas fronteiras em território gaulês. E isso tem tido, nos últimos anos, como consequência o drama de milhares de refugiados rejeitados por Londres permanecerem em Calais, numa espécie de terra de ninguém composta por acampamentos improvisados.
As declarações de Juppé vieram numa altura em que a situação dos refugiados em Calais começou a entrar nas voltas de aquecimento da corrida presidencial que se realizará em abril de 2017 e foram surpreendentes na medida que Juppé é tido como um moderado no setor conservador do espetro político gaulês.