George Soros, empresário nascido na Hungria que mais tarde adquiriu a nacionalidade americana, promete investir 500 milhões de dólares (449 milhões de euros) para ajudar a resolver a crise de migrantes e refugiados na Europa. Um dos principais financiadores das campanhas de Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos, agora no mesmo papel ao lado de Hillary Clinton, diz que decidiu agir em resposta a um desafio do líder americano em final de mandato, que apelou às grandes empresas do país para darem o seu contributo ao problema da migração forçada.
Num artigo ontem publicado no Wall Street Journal, George Soros reage ao repto com a garantia de um avultado investimento em “start ups, empresas estabelecidas no mercado, iniciativas de impacto social e negócios fundados por migrantes e refugiados”. O foco, sublinha, é “assegurar que os produtos e serviços os vão beneficiar verdadeiramente”. A grande fatia dos 500 milhões de dólares que diz estar disposto a investir, através de sociedades não lucrativas que detém, será destinada à crise na Europa. Mas o multimilionário admite abrir exceções “por todo o mundo” se surgirem “boas ideias” com o intuito de beneficiar outros migrantes e refugiados.
Com o título “Por que estou a investir 500 milhões de dólares em migrantes”, Soros escreve que pretende distribuir o dinheiro por vários setores, com a ajuda de organizações como o Alto Comissariado das Nações Unidos para os Refugiados, liderado até há bem pouco tempo por António Guterres. A prioridade, no entanto, vai centrar-se nas tecnologias digitais, uma vez que pode “proporcionar soluções a problemas particulares que as pessoas deslocadas enfrentam com frequência”, como um “acesso mais eficaz ao governo e a serviços legais, financeiros e de saúde”.
Aos 86 anos, o 23.º homem mais rico do mundo segundo a revista Forbes – que avalia a sua fortuna em 24,9 mil milhões de dólares (alicerçada em fundos de investimento) -, defende ainda, no referido artigo de opinião, que “o nosso falhanço coletivo para desenvolver e implementar políticas efetivas para lidar com o fluxo crescente de pessoas contribuiu em larga escala para a miséria humana e a instabilidade política, tanto nos país de origem dessas pessoas como nos países que as acolhem”. E exorta outros investidores a inspirarem-se no seu exemplo para “perseguirem a mesma missão” de ajudar resolver a crise de migrantes e refugiados. Se cabe aos governos “liderar o processo”, como sustenta, “aproveitar o poder do setor privado é igualmente crítico”.
Segundo o último relatório das Nações Unidas, o número de refugiados no mundo subiu em 2015 para das 65.3 milhões, um novo recorde.