O chefe do Governo britânico foi obrigado a esclarecer a sua ligação a um fundo offshore que herdou do pai. O discurso de Cameron pela transparência perdeu credibilidade por se ter tornado óbvio que Londres têm jurisdição sobre os principais paraísos fiscais do mundo: Ilhas Caimão, Bermuda, Ilhas Virgens e Jersey, entre outros. A forma atabalhoada como geriu a crise poderá ter impacto no referendo sobre a permanência do Reino Unido na União Europeia, com um reforço dos defensores do Brexit.
€37 mil
O montante pelo qual David Cameron vendeu as ações do pai, garantindo ter pago impostos sobre este lucro
Arte roubada
Um quadro de Amadeo Modigliani, roubado durante a Segunda Guerra Mundial, foi apreendido em Genebra, na sequência das revelações. Mais obras desaparecidas ressurgirão neste contexto.
Os portugueses
Haverá 240 portugueses envolvidos, entre eles, Manuel Vilarinho, ex–presidente do Benfica, o chairman da Bial, Luís Portela, e o empresário Ilídio Pinho. Só Vilarinho assumiu a ligação panamiana.
A edição do jornal Expresso deste sábado revela o nome de vários portugueses com ligações à Mossack Fonseca. É o caso de Luís Champalimaud, filho de António Champalimaud; do antigo ministro Ângelo Correia e do empresário Pedro Queiroz Pereira.Mas a lista de todos os envolvidos nos Panama Papers só será revelada em maio.
O secretário de Estado Adjunto, do Tesouro e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, afirmou “não ter conhecimento” de aplicações de instituições públicas portuguesas em offshores, na sequência de perguntas feitas pelo Bloco de Esquerda (BE).
Segundo o jornal Expresso, o Bloco de Esquerda enviou esta semana perguntas ao Ministério das Finanças sobre a alegada aplicação de “milhões de euros” por parte de instituições ligadas ao Estado português em offshores.
“Estamos atentos”, rematou em resposta aos jornalistas portugueses, após o final de uma reunião informal do Ecofin em Amesterdão, na qual esteve em representação do ministro das Finanças, Mário Centeno, ausente por motivos pessoais.
O secretário de Estado afirmou ainda “não ter conhecimento da magnitude” dos portugueses eventualmente envolvidos nos papéis do Panamá, até porque “não conhece os documentos em detalhe”.
300 milhões de euros
Terão passado pela ES Entreprises, criada, em 1993, através da Mossack Fonseca. Suspeita-se que essa empresa funcionaria como um “saco azul” para os membros da família Espírito Santo.
As autoridades panamianas realizaram, na sexta-feira, dia 22, novas buscas numa morada ligada ao escritório de advogados Mossack Fonseca no âmbito da investigação aberta na sequência da divulgação dos “Papéis do Panamá”. Investigadores especializados em crime organizado “realizaram uma rusga num armazém pertencente ao escritório Mossack Fonseca”, escreve o jornal “La Prensa”.
No passado dia 03, a procuradora-geral do Panamá, Kenia Porcell, anunciou a abertura de uma investigação devido ao escândalo global desencadeado com a divulgação de documentos da Mossack Fonseca e das suas operações na criação de empresas ‘offshore’ para que supostamente grandes fortunas pudessem escapar ao fisco dos seus países de origem.
Investigação jornalística
A maior investigação jornalística da história envolve o Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ, na sigla inglesa), com sede em Washington, e destaca os nomes de 140 políticos de todo o mundo, entre eles 12 antigos e atuais líderes mundiais.
A investigação resulta de uma fuga de informação e juntou cerca de 11,5 milhões de documentos ligados a quase quatro décadas de atividade da empresa panamiana Mossack Fonseca, especializada na gestão de capitais e de património, com informações sobre mais de 214 mil empresas ‘offshore’ em mais de 200 países e territórios.
A partir dos Papéis do Panamá (Panama Papers, em inglês) como já são conhecidos, a investigação refere que milhares de empresas foram criadas em ‘offshores’ e paraísos fiscais para centenas de pessoas administrarem o seu património, entre eles rei da Arábia Saudita, elementos próximos do Presidente russo Vladimir Putin, o presidente da UEFA, Michel Platini, e a irmã do rei Juan Carlos e tia do rei Felipe VI de Espanha, Pilar de Borbón.